Fachin afirma que invasão ao Capitólio é um alerta para democracia brasileira

Vice-presidente do TSE destacou que ‘a democracia não tem lugar para os que dela abusam’ e ressaltou que as eleições brasileiras são realizadas de acordo com a Constituição

7 JAN 2021 • POR • 19h50
Os apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio antes do Congresso confirmar a vitória do democrata Joe Biden - Getty Images

Nesta quinta-feira (7), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, disse que a violência cometida contra o Capitólio deve colocar a democracia brasileira em alerta.

Ao falar sobre as eleições presidenciais no Brasil em 2022, ele ressaltou que “quem desestabiliza a renovação do poder ou falsamente confronta a integridade das eleições deve ser responsabilizado em um processo público e transparente”. “A democracia não tem lugar para os que dela abusam”, afirmou, em nota divulgada pelo gabinete.

Leia Também

Bolsonaro diz que se voto for eletrônico em 2022, Brasil terá problema pior do que nos EUA

Doria lamenta invasão do Congresso dos EUA e afirma ser um alerta para o Brasil

Apoiadores de Trump invadem Congresso contra confirmação de vitória de Biden

Além disso, o ministro destacou que os pleitos são realizados seguindo as regras da Constituição. “Na escalada da diluição social e institucional dos dias correntes faz parte dessa estratégia minar a agenda jurídico-normativa que emerge da Constituição do Estado de Direito democrático. Intencionalmente desorienta-se pelo propósito da ruína como meta, do caos como método e do poder em si mesmo como único fim. O objetivo é produzir destroços econômicos, jurídicos e políticos por meio de arrasamento das bases da vida moral e material”, disse Fachin.

“Alarmar-se pelo abismo à frente, defender a autonomia e a integridade da Justiça Eleitoral e responsabilizar os que atentam contra a ordem constitucional são imperativos para a defesa das democracias”, completou.

Ataque ao Capitólio

Os apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio antes do Congresso confirmar a vitória do democrata Joe Biden nesta quarta-feira. O presidente dos Estados Unidos ainda não tinha aceitado a derrota para o democrata.

O ataque resultou na morte de quatro pessoas entre a tarde e a noite da quarta, de acordo com autoridades de Washington.

Problema no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira que “se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter um problema pior que os Estados Unidos”. A declaração foi feita durante uma conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

Há duas semanas, ele disse “se a gente não tiver voto impresso em 2022, pode esquecer a eleição”.

Barroso, Alcolumbre e Maia

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, criticou o ataque ao Capitólio.

“No triste episódio nos EUA, apoiadores do fascismo mostraram sua verdadeira face: antidemocrática e truculenta. Pessoas de bem, independentemente de ideologia, não apoiam a barbárie. Espero que a sociedade e as instituições americanas reajam com vigor a essa ameaça à democracia”, escreveu em uma rede social.

O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também criticou o ataque. Ele afirmou que as imagens da manifestação são ‘inaceitáveis em qualquer democracia e merecem o repúdio e a desaprovação de todos os líderes com espírito público e responsabilidade’.

Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a invasão “representa um ato de desespero de uma corrente antidemocrática que perdeu as eleições”. “Fica cada vez mais claro que o único caminho é a democracia, com diálogo e respeitando a Constituição”, escreveu Maia em uma rede social.