País registra recorde de desemprego, diz IBGE

De acordo com a Pnad Contínua, 14,1 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil

27 NOV 2020 • POR • 17h37
Maiores taxas foram registradas na Bahia (20,7%), em Sergipe (20,3%) e em Alagoas (20,0%). - Agência Brasil

A taxa de desemprego chegou a 14,6% no terceiro trimestre de 2020, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (27).

Esta é a maior taxa registrada na série histórica da pesquisa, que foi iniciada em 2012. O índice aponta que o Brasil tem 14,1 milhões de pessoas sem trabalho. De um trimestre para o outro, mais 1,3 milhão de brasileiros ficaram desempregados.

As maiores taxas foram registradas na Bahia (20,7%), em Sergipe (20,3%) e em Alagoas (20,0%). A menor foi registrada em Santa Catarina (6,6%). Em questão de região, o desemprego atingiu o recorde de 17,9% no Nordeste, a maior taxa entre as regiões. O Sul teve a menor com 9,4%.

De acordo com a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, o aumento na taxa de desemprego retrata a flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia do coronavírus. "Houve maior pressão sobre o mercado de trabalho no terceiro trimestre. Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação", diz.

Houve queda de 1,1% no contingente de ocupados em comparação com o segundo trimestre, totalizando 82,5 milhões de pessoas, menor patamar da série. A partir disso, o nível de ocupação foi de 47,1%.

Para a analista, todas as categorias tiveram perda no total de ocupação. A taxa de informalidade foi de 38,4% no trimestre encerrado em setembro, número equivalente a 31,6 milhões de pessoas sem carteira assinada, sem CNPJ ou trabalhadores sem remuneração. No trimestre anterior, esse porcentual foi 36,9%.

Resultado positivo

As atividades de construção e agricultura registraram um crescimento da população ocupada no terceiro trimestre. No setor de construção, o crescimento foi de 7,5% (399 mil pessoas).

No segmento de agricultura, o aumento foi de 3,8% (304 mil trabalhadores).

"A atividade da construção foi a que mais aumentou no período. Isso porque pedreiros ou outros trabalhadores por conta própria, que tinham se afastado do mercado em função do distanciamento social, retornaram no terceiro trimestre com a reabertura das atividades e a demanda por pequenas obras, como reformas de imóveis", ressalta Adriana Beringuy.

"A agricultura, de modo geral, tem ritmo diferente das demais atividades. Além disso, o setor sofreu menos os efeitos da pandemia, pois é uma atividade que se situa no campo, onde o impacto do distanciamento social foi menor do que na cidade", completou.