Outubro Rosa e a importância da prevenção

O mês lembra as mulheres de se manterem vigilantes contra o câncer de mama: quanto antes for descoberto, maiores são as chances de cura

18 OUT 2020 • POR • 13h31
Com a pandemia da Covid-19, houve uma queda significativa na quantidade de mamografias feitas neste ano - Jcomp/Freepik

Por Vanessa Zampronho

Uma corrida organizada nos Estados Unidos em outubro de 1990, para alertar as mulheres sobre a importância da prevenção do exame de mama, distribuía laços rosa às participantes. A iniciativa chamou muito a atenção e, anos mais tarde, o mês e a cor foram escolhidos para elaborar campanhas de conscientização contra a doença. Desde então, outubro é rosa e as iniciativas de prevenção se tornam mais extensas – e neste ano, se fazem ainda mais necessárias.

Com a pandemia da Covid-19, houve uma queda significativa na quantidade de mamografias feitas neste ano: 84% a menos, comparadas com 2019, de acordo com um levantamento feito pela Fundação do Câncer, que utilizou dados do SUS. “Isso vai levar a um impacto importante no atraso do diagnóstico. Nos próximos meses, vamos ter mais casos em diagnóstico avançado, e as pacientes terão tratamento mais complexo e a um custo maior”, afirma o mastologista Gil Facina, professor da Unifesp e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia.

E se há uma certeza é a de, quanto antes a doença for detectada, maiores são as chances de cura, se encontrado cedo, mas cedo mesmo. “Precoce é a detecção de um nódulo na mama de até 2 cm. Isso é considerado o estágio 1, inicial, e a chance de cura ultrapassa 95%”, explica. Somente exames de rastreamento, como a mamografia e, em algumas situações, o complemento com ultrassom, são capazes de fazer esse diagnóstico.

Mas isso não significa que o autoexame das mamas, no qual as mulheres mesmo se examinam, todos os meses, esteja descartado. Esse procedimento ajuda a identificar algumas alterações na textura e na descoberta de nódulos. Outros sintomas de que algo não anda bem são a retração na pele do mamilo, alterações no contorno e na pele das mamas. E um detalhe: o câncer não dói. Segundo Facina, o câncer causa dor em menos de 2% dos casos.

Outros detalhes para se prestar atenção são às causas do câncer de mama. Cerca de 80% dos casos não têm ligação genética – os desencadeantes da doença são outros. “A mulher pode ter nascido com todas as células saudáveis. Mas, em algum momento da vida, elas podem sofrer uma mutação. Pode ser uma infecção viral, radiação solar, toxina alimentar, e essa célula não morreu. Ela ficou alterada, e vai desencadear o câncer”, conta Facina. Além disso, a falta de atividade física regular, o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estar acima do peso também contribuem em até 30% no aparecimento de câncer de forma geral, inclusive o de mama.

O tratamento do câncer varia de acordo com o tipo e a agressividade do tumor. “Quase todos os casos são cirúrgicos, o porte da cirurgia depende da extensão da doença”, ensina. Técnicas como a quimioterapia e a radioterapia podem ser utilizadas individualmente ou em conjunto – é o médico que vai avaliar a eficácia delas e quando deverão ser utilizadas.

Mas de nada adianta se lembrar de tudo isso em outubro, correr atrás de exames, e deixar de se cuidar no resto do ano. A vigilância deve ser constante, para iniciar o tratamento cedo e aumentar as chances de cura – e o sistema de saúde agradece. “Assim, haverá uma distribuição de pacientes ao longo do ano, e o sistema de saúde consegue absorver os pacientes que tenham a doença”, completa.

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