Urologista ressalta importância de meninos se consultarem

28 SET 2020 • POR • 09h00
Consultas com um especialista em urologia podem ser chave para identificação precoce de graves problemas de saúde entre os jovens. - NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

Apesar das inúmeras campanhas para convencer homens adultos a marcar e comparecer sempre às consultas no urologista com o objetivo de prevenir doenças de caráter grave, muitos especialistas ressaltam a importância também de convencer os jovens a iniciar suas visitas ao urologista cada vez mais cedo almejando diagnosticar e começar a tratar, o mais rápido possível, diversos problemas de saúde que se tornam mais difíceis de medicar uma vez que o paciente fique mais velho.

De acordo com o Dr. Fábio ATZ, o urologista ainda é visto como o médico que atende o homem mais velho e que cuida dos problemas relacionados à próstata. Porém, muitas doenças podem surgir na adolescência, e o acompanhamento médico se faz necessário, principalmente, quando o garoto entra na puberdade, antes de iniciar a vida sexual e depois de já ter iniciado.

Ele diz que apesar de não ser comum, os pré-adolescentes devem ser aconselhados e acompanhados por seus responsáveis nas consultas, que podem ser importantes para a saúde no início da vida adulta.

"Estimular o paciente na cultura de prevenção e não apenas procurar ajuda quando a doença estiver instalada é o maior objetivo. Existem as causas de problemas adquiridos, mas também muitas vezes congênitos (nasce com alterações) que podem passar desapercebido durante a infância. A orientação sexual também é um importante fator, pois nem sempre o adolescente tem a liberdade de trocar informações com os pais, amigos ou professores", afirma.

O resultado de uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Urologia, feita com 3.305 adolescentes entre 13 e 17 anos, apontou que a urologia é uma das especialidades menos procuradas pelos meninos. Enquanto 42,1% das jovens na mesma faixa etária frequentam o ginecologista, apenas 3,5% dos adolescentes vão ao médico especializado no aparelho genital masculino.

"Não acredito em machismo, entendo que nessa faixa etária não se espera que doenças possam aparecer e, portanto, as pessoas não percebem a necessidade de procurar assistência médica", explica.

Consultas já durante a adolescência podem levar à descoberta e tratamento cada vez mais cedo de inúmeros problemas que vão desde ordem psicogênica a outras ocorrências físicas. Fábio afirma que até os 12 anos de idade, o acompanhamento deve ser feito pelo pediatra e após os 13 anos já deve existir o acompanhamento especializado.

"[Podem se identificar] Distúrbios de comportamento como dieta, atividade física e que ocasionarão doenças como as sexualmente transmissíveis, formação de cálculos urinários, infecções urinárias, infertilidade e até tumores que podem ocorrer com início da puberdade (tumor de testículo por ex.) ", explica.

Entre as enfermidades urológicas mais comuns estão à varicocele (dilatação das veias dos testículos que pode levar à infertilidade), tumores testiculares, inflamação na glande do pênis, e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

A atuação do urologista, no entanto, ultrapassa o âmbito do tratamento de doenças. A exemplo do papel desempenhado pelo ginecologista com as mulheres, o especialista em urologia também está apto a orienta-los em relação à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e prestar esclarecimentos sobre as modificações corporais típicas dessa faixa etária. As primeiras consultas podem, inclusive, ser feitas junto com os pais.

"Essa é uma estratégia sim, porém o mais importante seria os adolescentes terem a liberdade e um bom relacionamento familiar que permitam exprimir seus sentimentos e suas angústias e assim os pais poderem indicar a procura pelo médico", conclui.