Disparada do dólar anula efeito da isenção de taxas e arroz bate novo recorde

As notícias do campo por Nilson Regalado

27 SET 2020 • POR • 08h19
Grão de arroz e dollar - Luknaja

Por Nilson Regalado

A disparada no valor da moeda norte-americana frente ao real anulou os efeitos da portaria do Governo Federal que zerou as tarifas de importação para até 400 mil toneladas de arroz. A medida foi anunciada no último dia 9, com o objetivo de aumentar a oferta do cereal no País e, consequentemente, reduzir o preço ao consumidor. Porém, naquela quarta-feira, o dólar valia R$ 5,30. Duas semanas depois, no dia 24, chegou a R$ 5,62. E essa alta de mais de 6% tornou o produto importado mais caro. Na contramão, com o dólar valorizado ficou ainda mais barato para os estrangeiros comprar nosso arroz, que tem custo de produção baseado na enfraquecida moeda brasileira.

Assim, fazendeiros e armazéns que ainda têm algum arroz pensam duas vezes antes de liberar estoques no mercado interno. ‘Parado’, o cereal virou um tesouro que pode se valorizar ainda mais caso o dólar continue sua escalada. Nessa toada, a disputa pelo arroz em casca segue impulsionando as cotações, que atingiram o maior valor desde 2005, quando o Cepea/USP começou a monitorar os preços do cereal. Na última quarta-feira, dia 23, a saca de 50 quilos chegou a R$ 106,24. No dia 1º, a mesma saca valia ‘apenas’ R$ 99,57.

Mas, a carestia não está restrita ao arroz. Na primeira quinzena deste mês, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 registrou alta de 0,45%. Essa prévia da inflação oficial é a maior para o mês de setembro desde 2012 e foi puxada pelas altas das carnes (3,42%), do tomate (22,53%), do óleo de soja (20,33%), do arroz (9,96%) e do leite longa vida (5,59%).

A inimizade como...
Em entrevista à “Rádio Bandeirantes” na última terça-feira, o ministro de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, ameaçou retaliar nações que venham a boicotar produtos agrícolas brasileiros devido ao desmazelo com o meio ambiente. Países europeus já alertaram o Governo Federal mais de uma vez e enxergam uma conivência oficial com fazendeiros, madeireiros, grileiros e garimpeiros.

...política de Estado.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que no Pantanal os focos de incêndio cresceram 208% em setembro, na comparação com o mesmo período de 2019. Na Amazônia, o INPE observou alta de 34,5% no desmatamento até julho.

O céu do Brasil.
O Instituto de Física da Unesp acaba de publicar reportagem narrando a evolução da Astronomia no Brasil. Multimídia, o material explora desde o conhecimento do céu acumulado por povos indígenas até a construção de modernos telescópios, passando pelo Eclipse de Sobral: expedição realizada em 1919, no Ceará, marco na história da ciência que ajudou a comprovar a Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Disponível em www.outreach.ictp-saifr.org/astro/.

Filosofia do campo:
"O Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia". Fernando Pessoa (1888-1935), poeta português.