Ministro da Educação pode ser alvo de investigação por homofobia

Em entrevista ao 'O Estado de S. Paulo', Milton Ribeiro atribuiu a homossexualidade a 'famílias desajustadas'; parlamentares querem que o ministro seja investigado

24 SET 2020 • POR • 17h50
As declarações do ministro, publicadas nesta quinta-feira (24) no jornal, geraram críticas - Agência Brasil

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse em entrevista ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’, que pretende mudar a educação sexual nas escolas brasileiras e atribuiu a homossexualidade a "famílias desajustadas". As declarações do ministro, publicadas nesta quinta-feira (24) no jornal, geraram críticas. Parlamentares disseram nesta quinta que irão pedir que o ministro seja investigado por homofobia.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) disse que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) já o deputado David Miranda (PSOL-RJ) pretende acionar o Ministério Público Federal.

O GaDvs (Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual) informou que entrará com queixa criminal de crime de racismo homotransfóbico e ingressará com ação civil por dano moral coletivo.

Na entrevista, Ribeiro foi questionado sobre a importância da educação sexual na sala de aula. O ministro disse que a disciplina é usada muitas vezes para incentivar discussões de gênero. “E não é normal. A opção que você tem como adulto de ser um homossexual, eu respeito, mas não concordo”, afirmou ele, que também disse ter "certas reservas" sobre a presença de professores transgêneros nas salas de aula.

Ribeiro ainda usou o termo "homossexualismo", que deixou de ser usado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) há 30 anos por não se tratar de uma doença.

"Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe".

"Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. São questões de valores e princípios", continuou o ministro.

Além de falar sobre educação sexual, o ministro disse também que a volta às aulas presenciais e o aumento da desigualdade educacional no País com a pandemia não são responsabilidades do MEC.

O presidente da Comissão de Educação da Câmara em 2019, o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) considerou que as declarações mostram "preconceito inconcebível". "Mentalidade atrasada e triste de se ver em uma posição tão relevante." Ele também reforça que o MEC deve atuar em cooperação com Estados e municípios para encontrar soluções sobre a pandemia.

Já para o coordenador da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha do MEC, Felipe Rigoni (PSB-ES), a Pasta tem responsabilidade de orientar o retorno às aulas e viabilizar o acesso à internet para atividades remotas, ainda que caiba a gestores locais decidirem um calendário.