Pastora Ana Paula Valadão sugere que a AIDS é uma punição de Deus aos gays

Associações que lutam pelas causas LGBT+ disseram que entrarão com processos judiciais contra a religiosa, e que ela "está com a mentalidade tão pequena quanto das pessoas na época da Idade Média"

13 SET 2020 • POR • 12h16
A pastora e cantora gospel Ana Paula Valadão. - Facebook/Ana Paula Valadão

A pastora e cantora gospel Ana Paula Valadão causou repulsa, indignação e revolta de centenas de pessoas após dizer, em um programa de TV, que a AIDS é uma forma de Deus punir os homossexuais. Associações que lutam pelas causas LGBT+ disseram que entrarão com processos judiciais contra a religiosa, e que ela "está com a mentalidade tão pequena quanto das pessoas na época da Idade Média".

Segundo a evangélica o homossexualismo não pode ser encarado como algo normal. “Isso não é normal; Deus criou o homem e a mulher e é assim que nós cremos. A qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre-arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, disse. 

O programa seguiu e, minutos depois, Ana Paula mostrou não ter conhecimento algum sobre o HIV e deu uma opinião que contraria anos de estudos científicos em cima do vírus, sugerindo que a AIDS é uma forma que Deus encontrou para punir os gays. “Qualquer escolha contrária ao que Deus determinou como ideal chama de pecado. O pecado tem uma consequência que é a morte. Ta ai a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa enfermidade que leva a morte, contamina as mulheres. Enfim, não é o ideal de Deus”, finalizou.

Segundo a comunidade médica mundial mais de 90% das pessoas portadoras do vírus HIV atualmente não desenvolverão a AIDS, pois os medicamentos chamados de antirretrovirais conseguem inibir a multiplicação do vírus no sangue e "adormecê-lo", assim, garantindo aos soropositivos uma vida normal, sem sintomas ou características físicas de que a pessoa esteja ou não doente, diferente do que acontecia nos anos 80 e início dos anos 90, por exemplo. 

Além disso, o HIV não é exclusivo de casais gays, Qualquer pessoa que se relacione sem o uso de camisinha - seja com homem ou mulher contaminados com o vírus - corre o risco de contraí-lo. Fora que existem outras formas de transmissão, como no uso compartilhado de seringas (usuários de drogas), transfusão de sangue contaminado em locais que não tem um bom serviço de testagem sorológica, da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação e em acidentes com objetos perfurantes que tenham a presença do sangue de uma pessoa HIV+.