Ônibus na Baixada Santista seguem lotados em frota baixa

Reclamações se transformaram em fotos e vídeo de usuários nesta semana

6 SET 2020 • POR • 10h02
Diminuição da frota de ônibus gera aglomeração já nos pontos e 'empurra empurra' da calçada se transfere para dentro dos transportes. - NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

Apesar das inúmeras reclamações de usuários do transporte coletivo em Santos e São Vicente e até mesmo de denúncias enviadas ao Ministério Público por parte da Câmara dos Vereadores de Santos ainda em agosto sobre as linhas que operam somente na cidade, o cenário visto e relatado de usuários dos ônibus durante esta primeira semana de setembro era o mesmo: reclamações, espera e ombros colados em tempos de pandemia.

As primeiras reclamações de setembro se deram início por meio das redes sociais, onde usuários dos ônibus que fazem trajetos dentro de Santos e São Vicente, e também entre os dois municípios, postaram inúmeras fotos e vídeos que mostravam imagens de aglomeração tanto nos pontos de ônibus, devido à demora dos coletivos, quanto à falta de espaço para que seja mantido o distanciamento social no interior dos veículos.

Alguns dos passageiros abordados pela Reportagem durante esta semana também trouxeram reclamações referentes à falta de álcool e também falhas em aplicativos que demonstram o tempo de demora entre a chegada de uma linha de ônibus e outra.

"O aplicativo mesmo, 'Quanto Tempo Falta', parou de funcionar desde que a pandemia chegou. Às vezes você tá olhando um ônibus, diz que falta pouco tempo pra chegar no ponto e aí salta pra uma hora depois", afirma a auxiliar de coordenação Isabelle Prado se referindo ao app da Viação Piracicabana e BR Mobilidade.

O desconforto e indignação dos moradores não passou batido pelas autoridades fiscalizadoras e durante a primeira quinzena de agosto o vereador Fabricio Cardoso (Podemos) decidiu acompanhar a rotina dos passageiros e verificou inúmeros problemas.

"Aglomeração de passageiros, redução da frota dos ônibus, falta de distanciamento, higienização e 'dispensers' de álcool gel dentro dos coletivos, que inclusive solicitei no início da epidemia. Esses pontos foram questionados muitas vezes em Plenário. Por isso, optei por ingressar com a denúncia no MP-SP buscando somar forças para trazer solução a esse problema, que tem colocado em risco a população que depende do transporte público", disse à época.

Em contato com a Viação Piracicabana, a empresa afirmou que não estava ciente quanto à denúncia enviada ao MP. Mais de 20 dias depois e a doméstica Vagna Silva, de 49 anos, afirma que nada melhorou tanto nas linhas que operam apenas dentro de uma cidade quanto nas que fazem o transporte intermunicipal.

"Eu moro no Samaritá, pego ônibus todos os dias por volta das 5h e venho trabalhar aqui no canal 3 em Santos e volto pra casa umas 17h. Eu sempre venho de pé e com um monte de gente amontoada tanto na vinda quanto na ida, não tem diferença", diz.

Além da impossibilidade de se manter distante dos outros passageiros, ela afirma que a frota de ônibus diminuiu substancialmente, o que se transforma em tempos de espera mais longos do que de costume.

"Quase sempre eu espero uns 20 minutos pra chegar o ônibus, mas eu tenho esperado mais de 40 às vezes pelo 943. Teve um dia que fiquei mais de uma hora aguardando, então tem menos ônibus sim", conclui Vagna.

Apesar da reclamação ser muito mais frequente nas linhas intermunicipais, quem se desloca apenas dentro de Santos também não está feliz com o serviço prestado pelo transporte coletivo quando precisa sair de casa.

"O único motivo de eu conseguir vir sentada no meu ônibus, o 139, se dá porque eu moro perto do ponto final dele, então eu consigo entrar antes dele encher de fato, mas ele sempre vem cheio e a gente tem que ir se esbarrando para poder descer. Não existe distanciamento social nessa situação. Apenas nos fins de semana, porque eu trabalho de segunda a sábado, é que de fato fica menos lotado e a gente pode se deslocar em segurança", reafirma Isabelle.

Apesar disso, ela também tem certeza que a frota diminuiu.

"Se você ficar aqui comigo vai perceber que a demora é grande, muito maior do que existia antes da pandemia. Está bem pior e não tem melhorado em nada", finaliza.

Em nota, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) diz que acompanha desde o início da quarentena a 'Operação Monitorada'. A operação é acompanhada diariamente, por faixa horária, em pontos estratégicos, trabalho realizado pelos fiscais da EMTU nas cinco regiões metropolitanas do Estado. Sempre que constatada a necessidade, novos veículos são incluídos no sistema e anota afirma que nesta sexta-feira (4) mais dez ônibus foram inseridos nos serviços que operam na Área Continental de São Vicente, inclusive nas linhas 943 e 947.

A empresa diz ainda que todos os veículos de linhas intermunicipais são higienizados antes de sair da garagem e ao longo do dia se não interferir nos horários de partida e no cumprimento dos itinerários programados.

O Diário do Litoral também questionou a Viação Piracicabana sobre os problemas apontados pela população, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.