Ônibus lotados em Santos geram denúncia no Ministério Público

Vereador ingressa com denúncia no Ministério Público após acompanhar rotina de quem precisa pegar ônibus na pandemia

12 AGO 2020 • POR • 07h00
Falta de dispensers e lotação em ônibus de Santos foram argumentos de vereador em denúncia - Nair Bueno/DL

A aglomeração no interior de ônibus e a diminuição na frota que circula dentro do município de Santos levou a Viação Piracicabana a ser denunciada no Ministério Público de São Paulo por um vereador do município. Segundo o parlamentar, as ações da instituição não apenas não cumprem as medidas protetivas impostas em todo o planeta para tentar conter o avanço do novo coronavírus, como também vão na contramão da questão.

De acordo com Fabrício Cardoso (Podemos), a representação no Ministério Público contra a permissionária responsável pelo transporte público de Santos foi efetuada devido ao fato de que a empresa não está cumprindo das medidas preventivas contra o Covid-19 nos coletivos que circulam desde o início da chegada da pandemia à Baixada Santista. Apenas em Santos, quase 500 pessoas já morreram pela patologia.

Desde o início da pandemia, Fabrício diz ter fiscalizado os ônibus e questionado a Piracicabana por meio de indicações e requerimentos que foram protocolados na Câmara Municipal durante as sessões ordinárias dos últimos meses.

"Aglomeração de passageiros, redução da frota dos ônibus, falta de distanciamento, higienização e 'dispensers' de álcool gel dentro dos coletivos, que inclusive solicitei no início da epidemia. Esses pontos foram questionados muitas vezes em Plenário. Por isso, optei por ingressar com a denúncia no MP-SP buscando somar forças para trazer solução a esse problema, que tem colocado em risco a população que depende do transporte público", diz.

O parlamentar também argumenta que a falta de iniciativa para o cumprimento das medidas de prevenção contra o coronavírus por parte da Piracicabana não pode ser tolerada, uma vez que os demais ramos de atividades econômicas do município estão sob forte fiscalização.

"Diariamente pessoas postam nas redes sociais fotos de aglomerações nos pontos de ônibus, terminais e dentro dos coletivos. A empresa precisa se posicionar", conclui.

Fabrício não tem sido o único vereador a usar a palavra nas sessões ordinárias da Câmara de Santos para chamar atenção ao problema. Outros parlamentares também teceram duras críticas à Viação Piracicaba durante o mês de julho, antes do surto que suspendeu as reuniões da Casa de Leis, ainda na primeira semana de agosto.

A Reportagem verificou que, de fato, a espera por coletivos em Santos aumentou nos pontos de ônibus, especialmente durante os fins de semana e nas conduções que têm como rota a Zona Noroeste de Santos.

O Diário do Litoral entrou em contato com a empresa e questionou se a Piracicabana estava a par da denúncia efetuada pelo vereador no Ministério Público. A instituição, entretanto, respondeu, por meio de nota que 'a Viação Piracicabana não tem conhecimento sobre o assunto'.

No mesmo e-mail em que pediu um posicionamento sobre a denúncia enviada ao MP, a Reportagem também questionou detalhadamente a empresa sobre os argumentos usados pelo parlamentar para fundamentar o documento enviado ao Ministério Público, mas a Viação Piracicaba não respondeu.