Decotelli pede demissão após cinco dias no cargo

Ele teria reconhecido que a situação era insustentável após revelações de incoerências em seu currículo acadêmico

30 JUN 2020 • POR • 17h10
Incoerências no currículo de Carlos Alberto Decotelli foram reveladas nos últimos dias - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Após cinco dias no cargo, Carlos Alberto Decotelli, nomeado ministro da Educação na última quinta-feira (25), deixou o ministério nesta terça-feira (30). Decotelli foi ao Palácio do Planalto na tarde desta terça para entregar sua carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com pessoas próximas ao professor, ele reconheceu que a situação era insustentável após revelações de incoerências em seu currículo acadêmico.

Decotelli é o terceiro ministro da Educação de Bolsonaro em 1 ano e meio de governo.

O secretário-executivo do MEC, Antonio Vogel, também foi à sede do Executivo, mas negou que estivesse indo falar com o presidente. O governo não havia anunciado até a tarde desta terça-feira o substituto de Decotelli.

A saída de Decotelli acontece após revelações de falsidades em seu currículo. A gota d’água foi a nota da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgada na noite de segunda-feira (29), informando que Decotelli não foi pesquisador ou professor da instituição. O presidente Jair Bolsonaro ficou irritado ao saber de mais uma incoerência no currículo do indicado, que já teve doutorado e pós-doutorado questionados por universidades estrangeiras e é acusado de plágio no mestrado. O governo então passou a pressioná-lo para que apresentasse uma carta de demissão.

De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, Decotelli perdeu o apoio do grupo militar que o indicou ao governo. A nota da FGV dizia que Decotelli cursou mestrado na FGV, concluído em 2008. "Prof. Decotelli atuou apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos e não como professor de qualquer uma das escolas da Fundação", completa o texto. A situação é comum na instituição em cursos com esse perfil, professores são chamados como pessoa jurídica e atuam apenas em cursos específicos. Isso quer dizer que ele não faz parte do corpo docente da instituição, mas foi apenas professor colaborador.

Entre os nomes que estão sendo indicados a Bolsonaro para substituir Decotelli está o de Antonio Freitas, defendido pelo mesmo grupo militar e pelo dono da Unisa, Antonio Veronezi, que tem exercido grande influência no governo. Ele é professor titular de Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). Na profusão de nomes sendo indicados surgiu também o de Gilberto Gonçalves Garcia, que tem formação em filosofia e foi reitor de várias universidades privadas.