Pets exóticos precisam de cuidado redobrado no inverno

Para garantir o metabolismo regulado, quem cria estes animais, cágados, tigres d'água e serpentes, deve manter equipamentos como termostatos e lâmpadas de aquecimento nos aquários e terrários

28 JUN 2020 • POR • 11h03
Para garantir o metabolismo regulado de quem cria cágados, por exemplo, deve-se utilizar termostatos e lâmpadas de aquecimento. - NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

Quem tem pets exóticos precisa redobrar os cuidados durante o inverno. As baixas temperaturas mexem com o metabolismo dos bichos e podem causar desconforto e doenças em animais como calopsitas, jabutis, coelhos e serpentes.

Membro da Comissão Nacional de Animais Selvagens do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNAS/CFMV), o médico-veterinário Isaac Albuquerque diz que é importante saber o que é frio para animais silvestres.

"Cada espécie apresenta uma temperatura. Para uma jiboia, por exemplo, fica entre 23°C e 30°C. Abaixo disso já é frio para a espécie".

Répteis e peixes, segundo Albuquerque, sofrem nesta época do ano, pois são animais exotérmicos, ou seja, necessitam de fontes externas para manter a temperatura corporal num nível de conforto.

Para garantir o metabolismo regulado, quem cria estes animais, cágados, tigres d'água e serpentes, deve manter equipamentos como termostatos e lâmpadas de aquecimento nos aquários e terrários.

As aves também são sensíveis às baixas do termômetro, pois possuem temperatura corporal normal de 42 graus. A médica-veterinária Karolina Vitorino explica que, caso a temperatura fique abaixo dos 18 graus, vale investir em aquecedor portátil, cobertores nas gaiolas e manter os animais longe de janelas abertas, varandas e quintais.

"É recomendado um termômetro de parede, para controlar a temperatura ambiente, colocar as aves para dormir mais cedo e acordá-las mais tarde, isto é, deixar a gaiola coberta por um período maior", recomenda. A médica-veterinária sugere, ainda, que a gaiola fique parcialmente coberta também durante o dia e nada de banheira de água ou água borrifada nos animais, hábitos necessários e saudáveis em períodos quentes.

Por outro lado, roedores, como chinchilas e hamsters, gostam do frio e ficam mais ativos e brincalhões. Karolina explica que é no calor que sentem desconforto, quando são comuns casos de morte por hipertermia (subida excessiva da temperatura corporal). Como têm metabolismo acelerado, sentem-se bem na temperatura amena. "Mesmo assim, se fizer muito frio, podem se sentir incomodados", pontua.

DOENÇAS

Isaac relata que as principais doenças observadas nos animais silvestres e exóticos, em decorrência da baixa temperatura, são pneumonia, bronquite, congestão e sinusite. Karolina lembra que, nas aves, o período do inverno coincide com a muda de penas, o que demanda esforço extra do organismo e pode gerar imunodepressão. "A soma de fatores abre portas para o desenvolvimento de infecções oportunistas, não só sinusite, como até candidíase, caso alimentação e manejo não estejam adequados", alerta a médica-veterinária.

Alguns sintomas indicam o desconforto com o frio. Por isso, os tutores devem ficar alertas para identificar letargia, redução ou perda do apetite (hiporexia e anorexia) e baixa digestão. No caso das aves, podem ocorrer penas eriçadas (forma de criar uma barreira entre a temperatura corporal e a do ambiente externo), vasoconstrição periférica (patinhas e bico roxos) e tremores.

Outras espécies buscam se entocar para se aquecer. Coelhos e porquinhos da índia, que circulam mais no chão das casas, podem também desenvolver doenças respiratórias, por isso, é importante evitar que permaneçam em ambientes frios e úmidos. "Colocar feno na toca e forrar o chão com tecido soft é uma forma de protegê-los", aponta Karolina.

Outros cuidados incluem oferecer alimentos e água em temperatura ambiente. Caso guardados na geladeira, o indicado é retirá-los um pouco antes.