Estudo mostra redução de transmissão da Covid-19, afirma Prefeitura de Santos

A certeza, no entanto, de um achatamento da curva epidemiológica só será possível comprovar nas próximas etapas do estudo

26 JUN 2020 • POR • 16h12
Em um período de 15 dias, o total de infectados estimado pelo estudo aumentou 8,6%, o menor índice desde o início da pesquisa, em abril - Drew Hays/Unsplash

A cidade de Santos pode estar em uma fase de diminuição da velocidade de transmissão da covid-19 entre os seus moradores. É o que mostra a quarta etapa do estudo Epicobs (Epidemiologia da Covid-19 na Baixada Santista), que calcula a disseminação do novo coronavírus por amostragem, a partir de resultados positivos de testes rápidos em voluntários escolhidos aleatoriamente.

Em um período de 15 dias, o total de infectados estimado pelo estudo aumentou 8,6%, o menor índice desde o início da pesquisa, em abril. Entre a primeira e a segunda etapas do estudo, o crescimento havia sido de 37,5% e da segunda para a terceira etapa, de 109%.

A certeza, no entanto, de um achatamento da curva epidemiológica só será possível comprovar nas próximas etapas do estudo.

"Houve um crescimento menos acelerado, o que também coincidiu com o comportamento dos dados oficiais, porém ainda é prematuro afirmar se essa tendência irá se manter", explica o médico infectologista Marcos Caseiro, um dos pesquisadores do Epicobs.

TESTAGEM
Outro índice verificado pelo Epicobs é que para cada notificação oficial em Santos de covid-19, outros dois casos não são registrados – situação que coloca a Cidade como a que apresenta a menor diferença entre a estimativa e os registros oficiais. Isso se deve ao alto índice de testagem da Cidade, um dos maiores do país.

A Cidade já realizou mais de 61,2 mil testes somente na rede pública (entre testes rápidos e RT-PCR) – o que corresponde a 14,1 mil exames a cada 100 mil habitantes.

"Santos tem um índice de testagem maior do que muitos países da Europa. Por isso, temos um alto número de casos confirmados", destaca o prefeito Paulo Alexandre Barbosa, também lembrando que, neste final de semana, os morros vão receber asegundaBlitz Covid (https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/blitz-covid-19-vai-aos-morros-de-santos-no-fim-de-semana).

Estudo vai continuar em Santos
Capitaneado pela Fundação Parque Tecnológico de Santos (FTPS), o Epicobs teria, inicialmente, quatro etapas. A cidade de Santos, porém, decidiu manter o estudo por tempo indeterminado, pelo fato dele terse tornado um bom parâmetro para embasar medidas no enfrentamento à covid-19.  Em breve, a FPTS vai anunciar a próxima etapa de coleta de testes rápidos.

Em Santos, o Epicobs dá base para argumentações técnicas para a busca de novos leitos e respiradores junto ao Governo do Estado, a fim de evitar colapso na rede de saúde, bem como as decisões em relação à retomada da economia de forma gradual e responsável.

"Estamos enfrentando a pandemia com base na ciência, em dados epidemiológicos que mostram a evolução real da doença na nossa cidade e também sinalizam o grau de intensidade possível para a flexibilização", afirma o prefeito Paulo Alexandre Barbosa.

Na região, 1 em cada 15 moradores já se infectou
A Baixada Santista também apresentou uma tendência de diminuição na velocidade da doença, embora muito mais tímida que no município de Santos, de 73% para 71%.

Em dois meses, o total de pessoas que se contaminaram com o novo coronavírus na Baixada Santista aumentou 368%, passando de 25.823 (1,8 % da população) para 120.904 pessoas (6,6% da população) entre a primeira e a quarta fase do estudo.

Na prática, o resultado daquartaetapa mostra que 1 a cada 15 moradores da região já se infectou e que, para cada caso positivo, existem outros sete não notificados na região. A letalidade da doença, se levado em consideração o total de infectados estimado pelo Epicobs, cai para 0,8% - ante uma taxa de 4,5% quando utilizadas apenas as notificações oficiais das nove cidades.