Manifestantes protestam contra fechamento da balsa em Ilhabela; veja vídeo

Grupo promete novo movimento nesta terça-feira (16), agora na Câmara

15 JUN 2020 • POR • 16h40
Centenas de moradores foram protestar na área de embarque e desembarque da balsa - DIVULGAÇÃO

Um grupo de manifestantes formado por moradores e proprietários de casas de aluguel realizou, na tarde de sábado (13), um protesto na área de embarque e desembarque da balsa, em Ilhabela. A ação foi contra restrições impostas pela prefeitura para a entrada no arquipélago como medida de combate ao coronavírus (Covid-19).

Munidas de faixas e cartazes e gritando “Balsa Livre Já” e ”Sou morador, não preciso de favor”, cerca de 250 pessoas cobraram a liberação do acesso que só é utilizado mediante solicitação junto à Secretaria de Turismo. A maior parte das reclamações é sobre o indeferimento das autorizações para quem precisa entrar ou sair de Ilhabela.

A restrição teve início em 23 de março. No começo de junho houve uma flexibilização para os moradores, desde que continuem pedindo autorização no site https://travessia.ilhabela.sp.gov.br/ e comprovem vínculo com o município.

Já veranistas e turistas só podem acessar a Ilha de terça a quinta-feira, até o limite de 50 aceites por semana. Os pedidos devem ser feitos com, no mínimo, 72 horas de antecedência.

Um novo protesto foi marcado para esta terça-feira (16), às 19h30, desta vez em frente à Câmara Municipal.

Um dos organizadores do movimento Balsa Livre, Daniel Marçal conta que, passados aproximadamente 90 dias de isolamento social, as cidades estão empenhadas à normalidade da vida. Eles querem a retomada inteligente do comércio e indústria com as devidas restrições necessárias para evitar o avanço do coronavírus.

“Infelizmente em Ilhabela o cenário é na contramão do mundo. Continuamos fechados. Comércio, hotéis, pousadas, casas de locação por temporada, a vida aqui começa a ficar difícil com a chegada da data final dos benéficos propostos pelos governos federal e municipal. Famílias continuam separadas por causa das restrições arbitrárias de funcionamento da balsa, que já começaram a custar a vida de cidadãos que apenas querem ter garantido seu direito constitucional de ir e vir”, explica.

Segundo Marçal, o Movimento Balsa Livre nasce da ansiedade de uma população que segue refém das autoridades constituídas. Para ele, “perderam a noção em suas ações que já podemos classificar como desumanas, comparadas a atitudes de líderes autoritaristas conhecidos do passado”.

Uma manifestante disse que há 70 dias não consegue ver sua família, que o site para autorização não funciona. “Coloca alguém pessoalmente para atender a população”, reivindica.

O empresário Leonardo Bertocco, 56 anos, foi um dos primeiros a conseguir na Justiça o direito de entrar e sair da Ilha. Ele conta que tem casa no arquipélago desde 1988 e a partir de 1999 ela passou a ser sua residência principal.

“Ocorre que durante o início da pandemia tive que deixar o município para realizar trabalhos fora do Estado e o município me impediu de voltar”.

Diante da situação, ele relata que só restou a opção de utilizar dos meios jurídicos para conseguir acesso, que conseguiu em segunda instância. “Mas esta semana o próprio juiz de Ilhabela reverteu seu pensamento sobre impedir a entrada dos proprietários de imóveis na Ilha. Passou a dar liminares a favor”.

Em nota, a Prefeitura de Ilhabela explica que durante todo o tempo tem recebido representantes de diversos segmentos da sociedade civil. E que vem buscando entendimento e soluções democráticas para o enfrentamento da pandemia.

Segundo ela, houve aumento de 93% do número de casos na cidade após a reabertura do comércio. Além disso, os dados epidemiológicos do país mostram o risco eminente de contaminação em movimentos como o realizado neste sábado.

“Somos a favor da democracia e nos dispomos a dialogar. No entanto, em nenhum momento fomos procurados por líderes do movimento Balsa Livre”.