Casos de Covid-19 na região são 88% maiores do que o previsto em março

Cálculo previa que a Baixada Santista teria 1,9 mil casos, mas cidades já contabilizam mais de 3,5 mil

16 MAI 2020 • POR • 09h00
Entrará em operação o hospital de campanha no imóvel do Hospital Vitória, com 130 leitos e UTIs - Nair Bueno/Diário do Litoral

O cálculo feito em março deste ano pelo médico Marcos Caseiro, ao lado do secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, previa que a Baixada Santista poderia contabilizar 1,9 mil casos confirmados de Covid-19, no pior dos cenários.

A previsão não só se concretizou como foi ultrapassada, chegando a 3.575 casos até a última sexta-feira (15), um aumento de 88,15% em relação a estimativa inicial. Quando o cálculo foi divulgado, em 17 de março, a Região ainda não registrava nenhuma confirmação da doença.

A estimativa foi baseada na propagação ocorrida em Wuhan, epicentro chinês do coronavírus. Nesse local, 0,1% da população foi infectada pela doença. No cenário Baixada, com cerca de 1,9 milhão de habitantes, se a perspectiva tivesse sido semelhante a Wuhan, os casos não passariam de 1,9 mil.

A possibilidade já preocupava as prefeituras municipais, pois a região conta, efetivamente, com um leito para cada 10 mil habitantes pelo Sistema Único de Saúde.

Na época, os prefeitos e servidores das secretarias de Saúde se reuniram e mapearam as necessidades das cidades, tanto estruturais quanto relacionadas a insumos, para estudar medidas junto ao Governo do Estado. Ferraz disse ainda que uma das diretrizes para aumentar a quantidade de leitos e UTIs seria agregar as redes públicas e privadas do setor e implantar leitos novos no SUS.

NOVOS LEITOS.

Como Santos tem mais hospitais, acaba absorvendo a demanda de pacientes das outras cidades. Até quinta-feira (14), das 370 internações pelo SUS, 190 pacientes eram de municípios vizinhos.
 
Questionada sobre o que está fazendo para tentar dar conta da demanda, já que o número de casos é bem maior do que foi previsto, a Secretaria de Saúde de Santos informou que tem um Plano de Contingência Hospitalar que prevê até 530 leitos SUS para atender pacientes com Covid-19. 
 
Deste total, 356 leitos (250 de clínica médica, 90 de UTI adulto e 16 de UTI pediátrica) já entraram em operação nos hospitais: Complexo dos Estivadores, Santa Casa de Santos, Beneficência Portuguesa, Hospital de Pequeno Porte, Hospital de Campanha Afip e Hospital de Campanha UPA Zona Leste (sob gestão municipal) e Hospital Guilherme Álvaro (gestão estadual).
 
Como ainda há previsão de aumento do número de casos na região, a partir da próxima sexta-feira (22), também entrará em operação o hospital de campanha no imóvel do Hospital Vitória, que terá 130 leitos (17 deles de UTI) para pacientes SUS.
 
OUTRAS CIDADES.
 
Para tratar casos graves de Covid-19, São Vicente tem 10 UTIs no hospital São José; 10 UTIs no Hospital Municipal e 15 UTIs no Hospital de Campanha que está sendo estruturado na Praça dos Ambientalistas, no Jardim Rio Branco.
 
Ainda de acordo com a assessoria, havendo necessidade, mais leitos serão estruturados no Hospital Olavo Horneuax de Moura, no Humaitá.
 
Bertioga possui 10 leitos de UTI adulto, assim como Cubatão. Guarujá tem 14 UTIs. Mongaguá não possui leitos para casos graves.
 
E na última quarta-feira (13), além de Santos, Praia Grande e Itanhaém foram beneficiadas com a liberação de R$ 30 milhões feita pelo Governo Estadual. A verba será usada para abertura de 50 novas UTIs e 300 leitos clínicos.
 
A Baixada Santista é a segunda região mais impactada pelo vírus no Estado de São Paulo.