Casas de repouso mudam rotina após coronavírus

Covid-19 alterou a rotina de quem vive e de quem trabalha em residenciais para idosos na Baixada Santista

6 ABR 2020 • POR • 17h30
As datas festivas ou do calendário anual serão realizadas internamente, sem as presenças de músicos e grupos de dança - Divulgação/Residencial Stella Maris

A pandemia de coronavírus alterou a rotina de quem vive e de quem trabalha em residenciais para idosos na região. Desde que o vírus começou a se espalhar pelo mundo, as estatísticas mostram que os mais afetados tem sido os mais velhos, por isso a apreensão.

O Residencial Stella Maris, em Santos, e o Lar Vicentino, em São Vicente, implantaram novos protocolos de segurança, entre eles a suspensão das visitas de familiares, a entrada de grupos de voluntários e as saídas para passeios.

Em meio às atividades paralisadas, está a apresentação de músicos que os idosos tanto gostam. “O Stella Maris anda muito vazio e silencioso. Pra amenizar essa situação a gente coloca as músicas que eles gostam no rádio. Os mais conscientes conversam com os familiares por vídeo e estão por dentro de tudo o que acontece. Já quem tem alguma condição, como o Alzheimer, nós mandamos boletins diários e vídeos para as famílias”, explica Nathalia Pimentel, uma das sócias da clínica.

Para entreter os idosos do Lar Vicentino, os funcionários também colocam músicas capazes de trazerem de volta as boas lembranças e incentivam atividades como pintura de desenhos com tinta. A assistente social conversa com os mais lúcidos para explicar sobre a pandemia e, principalmente, a importância de manter-se em isolamento e longe dos familiares temporariamente.

A TV também está liberada. “Colocamos filmes antigos, shows, principalmente do Roberto Carlos, que eles adoram”, conta Nathalia.

Já a decisão de suspender as visitas dos familiares não foi fácil, segundo ela, mas necessária para evitar uma possível contaminação. Ela explica que manter o contato com os parentes é muito importante para quem vive em casas de repouso, mas não houve outra alternativa em meio aos riscos que a doença traz aos idosos.

“Os familiares entenderam e até elogiaram a medida. A comunicação por telefone foi reforçada e os clientes conseguem ver seus parentes pelas câmeras que temos espalhadas nas áreas comuns”.

Tem dias, que dá para matar a saudade à distância, quando os familiares vão até o local para levar roupas ou produtos de higiene e, pelo portão, acenam aos seus.

“A gente espera que logo esse cenário mude porque eles adoram receber abraços”, diz ela.

PROTOCOLOS.

No Lar Vicentino só entram funcionários e equipe médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), caso seja necessário.

As datas festivas ou do calendário anual serão realizadas internamente, sem as presenças de músicos e grupos de dança, que geralmente se apresentam voluntariamente.

Também foram instalados dispensers com álcool gel em pontos de circulação de pessoas nas dependências da casa e cartazes com orientações sobre a importância de lavar as mãose utilizar a máscara.

No Stella Maris as medidas são as mesmas. Os funcionários que vêm da rua, ao chegarem, vão direto para um banheiro reservado à desinfecção.

Lá, trocam suas roupas e sapatos pelo uniforme, fazem a lavagem das mãos e colocam as máscaras. Na hora de ir embora, tanto o uniforme quanto os calçados ficam e são lavados na própria clínica.

Até o momento, nenhuma das casas têm previsão de quando a rotina voltará ao normal.