Com recorde de partidos aliados, Haddad fecha equipe para governar SP

A lista final revela que 11 secretarias - quase metade das 26 - serão comandadas por pessoas sem filiação partidária.

15 DEZ 2012 • POR • 01h41

Priorizando quadros técnicos e, ao mesmo tempo, contemplando uma ampla base aliada, o prefeito eleito Fernando Haddad (PT) completou seu secretariado nesta sexta-feira (14), com participação recorde de aliados. Foram apresentados Osvaldo Spuri, que assumirá a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras, e o vereador Ricardo Teixeira (PV), que substituirá o colega Roberto Tripoli à frente do Verde e Meio Ambiente. A capital ainda ganhará uma Controladoria Geral, para fiscalização da gestão.

A lista final revela que 11 secretarias - quase metade das 26 - serão comandadas por pessoas sem filiação partidária. Duas delas, porém, foram sugeridas por siglas aliadas: José Floriano de Azevedo Marques Neto, que comandará a Habitação, é indicação do PP de Paulo Maluf, enquanto o titular da Segurança Urbana, Roberto Porto, é da cota pessoal do vice-presidente da República, Michel Temer, do PMDB.

Além do PT, os outros escolhidos estão divididos entre seis partidos, que vão compor o que Haddad chama de governo de coalizão - o leque é o mais diversificado da última década. São nove nomes nesse bloco aliado. A maioria com experiência no Executivo ou com desempenho considerado bom pelo futuro prefeito em seus campos de atuação. É o caso, por exemplo, do vereador Netinho de Paula (PCdoB), escalado para comandar a nova secretaria da Igualdade Racial. Completam a lista o PSB e PTB.

O PT ficou com oito secretarias. Entre elas estão algumas das de maior orçamento, como Saúde e Transportes. Já os aliados terão, segundo Haddad, corresponsabilidade na gestão de São Paulo, a fim de evitar o chamado "toma lá, dá cá". As escolhas incluem representantes que fizeram parte da administração do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e até apoiaram o tucano José Serra nas eleições, como os integrantes do PV e PSB.

O leque partidário é um recorde em tempos recentes. No início da gestão de Marta Suplicy (PT), entre 2001 e 2004, foram nomeados secretários de apenas três partidos: PT, PSB e PCdoB. Quando assumiu em 2005, José Serra acomodou quatro siglas: PSDB, PDT e PFL (atual DEM). Gilberto Kassab (PSD), que conseguiu montar um bloco de apoio incontestável na Câmara Municipal, havia cedido secretarias para cinco partidos em 2009: PSDB, DEM, PR, PV e PMDB.

Com o conceito de coalizão formado, a desistência de Tripoli não abriu uma crise no governo de transição. O nome do parlamentar foi substituído em acordo com a liderança do PV em apenas três dias. O nome do escolhido também mostra que o PT aceita políticos que "trocaram de lado". Teixeira era do quadro do PSDB até o prefeito Kassab resolver formar um partido.

"Ele tenta equilibrar nomes eminentemente técnicos com indicações necessárias para conseguir fazer um governo de coalizão", avalia o professor de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antônio Carvalho Teixeira. O advogado acredita que a preferência do prefeito eleito por técnicos vem de sua trajetória política. "A origem do Haddad também não é política ‘strictu sensu’. Ele tem uma trajetória na administração pública que passou por vários cargos técnicos."


Manobra

Segundo Teixeira, Haddad tem uma margem de manobra para negociar perfis profissionais até mesmo nas pastas que são cedidas a partidos aliados. "Ele está isolando o PSDB e o DEM com essa estratégia. Isso vai garantir uma relação razoavelmente tranquila com o Legislativo, sem a qual ele não conseguiria governar."

A solução revela efeitos práticos. A presidência da Câmara Municipal, por exemplo, deve ser facilmente alcançada pelo vereador petista José Américo, que já tem apoio de representantes de partidos aliados. Diante do secretariado formado por Haddad, o atual gestor, José Police Neto (PSD), tem poucas chances de ser reeleito.

Leia Também

MPF denuncia 24 investigados pela Operação Porto Seguro

Governo Dilma mantém recorde de aprovação de 62%

Dilma se reúne com Putin e assina acordos

Decisão sobre convocação de sessão para votar vetos dos royalties ficou para esta sexta

Lula recebe 24º Prêmio Internacional Catalunha