Monitoramento de escolas de Praia Grande é questionado

Vereador Cadu (PTB) deve rever projeto de instalação de câmeras de monitoramento de segurança em escolas

11 OUT 2019 • POR • 07h30
Professor Odair Bento acredita que existam outras prioridades em relação à Educação da Cidade - Divulgação

Após um forte questionamento digital e até pressão do Sindicato dos Funcionários Públicos de Praia Grande, que sugere uma audiência pública, o vereador Carlos Eduardo Barbosa, o Cadu (PTB), deve adiar a segunda votação do projeto de instalação de câmeras de monitoramento de segurança nas creches e escolas públicas da Cidade. A proposta tinha sido aprovada em primeira votação na Câmara.

A discussão é que as escolas poderiam ter equipamentos na parte externas e internas das salas de aula, com sistema de gravação que permita armazenar imagens por, no mínimo, dois meses.

O objetivo, segundo o projeto, seria a segurança pois, segundo Cadu, a discriminação, ameaças e os xingamentos podem evoluir para agressões graves e contribuírem para um ambiente escolar hostil.

Justificativa

Em sua justificativa, quando não havia resistência por parte dos professores, Cadu chegou a citar que a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonato, concorda que é necessário impor limites aos jovens e que a medida irá inibir práticas como o bullying e até agressões contra os funcionários.

"A instalação das câmeras em sala de aula em nada viola a intimidade dos alunos ou dos professores. Segundo o entendimento do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, o monitoramento por câmeras não implica em exibição desmedida e gradativa das pessoas. Disso decorre que nesses lugares não se tem a prática de atos privados ou particulares, como se faz em uma residência", justificou o parlamentar antes de optar por discutir melhor sua proposta com professores e a sociedade local.

Professor discorda

Para o combativo professor Odair Bento Filho, a ideia é monitorar professores vem do grupo de extrema direita do Município, com uma mentalidade totalmente atrasada em termos educacionais e que propaga a Escola Sem Partido. "Ora, se sempre houve doutrinação de esquerda nas escolas, como eles alegam, como se explica o grande contingente de bolsonaristas, militaristas e outros", questiona.

Para o educador, o que vem assustando o Brasil e o mundo não é a esquerda, mas a extrema direita. "Esse grupo que, inclusive, é a favor de militarização das escolas, está equivocado no que diz respeito à Educação. Sustentam-se em fortes ataques aos professores, sobretudo Paulo Freire, patrono de Educação Brasileira e que é exemplo no mundo", acredita Odair Filho.

Apoio

Como professor da rede pública, Odair garante que não são câmeras que irão melhorar a educação de Praia Grande, mas aumentar o número de funcionários, dar mais apoio aos professores, colocar psicólogos, assistentes sociais, que em conjunto garantirão a segurança.

"Além disso, quanto custa colocar câmeras nas salas de aula? Quantos crimes ainda ocorrem na cidade, que está repleta de câmeras que não funcionaram. Precisamos é chamar pais, alunos, professores e população para debater melhor esse projeto", opina, acreditando ainda que a segurança irá melhorar quando, entre outras medidas, reduzir a quantidade de alunos por sala de aula e aumentar o número de professores substitutos.