'Tráfico diminuiu muito', diz coronel sobre ocupação do Morro do José Menino

Comandante da PM da Baixada Santista, Rogério Silva Pedro apresenta balanço de ação iniciada após policial ser baleado.

29 SET 2019 • POR • 09h26
Trabalhos para coibir o tráfico no Morro do José Menino também contam com observação aérea, segundo o coronel Rogério Silva Pedro. - NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

Uma semana após a Polícia Militar deflagrar uma ocupação por tempo indeterminado no Morro do José Menino, em Santos, o coronel Rogério Silva Pedro, comandante da corporação da Baixada Santista e Vale do Ribeira, fez um balanço dos trabalhos em entrevista ao Diário do Litoral, na última quinta-feira (26), e afirmou que o tráfico de drogas "diminuiu muito" naquela localidade.

O coronel revelou que a decisão para a operação de saturação foi tomada logo após o primeiro policial, um soldado, ser atingido na perna direita, próximo ao joelho, na tarde do dia 19.

"Nós entendemos que houve um exagero por parte de algum infrator. Foi um tiro à espreita. Foi uma afronta ao Estado, uma afronta à sociedade", declarou.

Conforme relata o comandante, logo depois foi deflagrada a operação de "tomada do morro" do 2º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (2º Baep), inclusive com capitães.

Por volta das 21h daquela data, nas imediações da Rua Oito, um sargento foi baleado na lateral do abdômen e na perna esquerda em uma ação que visava cinco suspeitos de tráfico. Um dos criminosos, que carregava mais de mil porções de drogas, foi baleado no revide policial e morreu.

O soldado e o sargento se recuperam bem.

Entre a madrugada e a manhã do dia 21 os policiais prenderam no morro um homem por tráfico e recapturaram um foragido por tráfico, procurado desde 2012.

DL - Como foram adotadas as providências para ocupação no Morro do José Menino?

Rogério Silva Pedro - Eu mantenho um estudo junto aos meus oficiais de como efetuar a tomada de todos os pontos críticos da Baixada Santista. Quando ocorre alguma situação que foge da normalidade a gente aciona esse plano B, que a gente já tem planejado para vários locais. Já fizemos isso no Piçarro, no Sambaiatuba, nos caminhos (áreas na Zona Noroeste de Santos), na Prainha, no Morro do Macaco, Vila dos Pescadores e Vila Esperança. Eu tenho uma programação de operações para todos esses locais. E quando acontece qualquer situação que foge um pouco da normalidade ou você percebe que a agressividade de alguns infratores chegou a um limite prudencial, para não deixar a situação se perder, a gente adota essas providências.

DL - Pode-se dizer que nos dias de ocupação o tráfico de drogas naquela localidade zerou?

Rogério Silva Pedro - Eu não vou dizer que zerou. Pode ser que alguém vá dentro da casa de outra pessoa buscar droga e eu não tenha esse visual. Mas a análise que nós fazemos com observação aérea, até com a colaboração de outras pessoas, que nos dão informações, é que diminuiu muito (...) Está bem calma a região.

DL - A vinda de integrantes do Comando do Choque auxiliou os policiais locais em quais aspectos no combate ao crime no morro?

Rogério Silva Pedro - Assim como o 2º Baep, o Comando de Choque da PM é sempre um suporte para as equipes de radiopatrulhamento e isso sempre nos auxilia muito no controle da criminalidade. E também não só para controlar uma investida. Toda vez, se eu tiver 100 policiais na mão eu tenho um nível de segurança. Se eu utilizar 103 policiais eu estou aumentando a capacidade de reação e estou diminuindo os riscos. É uma forma de amenizar riscos.

DL - Qual foi a repercussão percebida pela PM junto aos moradores?

Rogério Silva Pedro - Em todos os locais que a gente implementa essa saturação nós temos um feedback positivo da população. Por quê? Porque é um local onde o trânsito com a viatura tradicional, pelo tipo de terreno, ele é prejudicado, eu tenho várias vielas, área de mata. E quanto eu tenho uma saturação de policiais com certeza aumenta a segurança daquela população.

DL - Um morador entrevistado pelo Diário no último dia 20 opinou que a PM deveria instalar uma base fixa no morro.

Rogério Silva Pedro - Com uma base eu cubro um raio de 90 a 100 metros. Uma patrulha a pé cobre 400, 500 metros. E uma viatura três, quatro, dez quilômetros. Para cada local que eu vou colocar uma base eu tenho que lembrar que essa base vai tirar uma viatura de patrulhamento. Tem que ser muito estudado cada vez que você vai criar uma base. Ela atende uma população ou um grupo pequeno de pessoas no caso ali (do morro). Ela acaba fixando demais o policial e atende menos pessoas.