Menino de 12 anos é morto após PM fazer ameaça: 'Mãe, compra um caixão pequeno'

Garoto estava dentro de veículo roubado e, segundo o B.O., teria ameaçado os policiais com uma arma de fogo. Testemunhas desmentem a versão dos militares.

28 SET 2019 • POR • 16h29
Miguel Gustavo Lucena, de 12 anos, foi morto após perseguição policial. - Arquivo Pessoal

*Com informações do portal O DIA e YAHOO NOTÍCIAS

Miguel Gustavo Lucena, de 12 anos, foi morto a tiros dentro de um parque de diversões itinerante na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo. Segundo a mãe do garoto, Andreia Gonçalves Pena, um policial militar teria feito ameaças ao seu filho cerca de duas semanas antes do crime. O caso segue em investigação.

Andreia disse que Miguel era dependende químico há cerca de dois anos. Só neste ano ele teria se envolvido em três ocorrências por tráfico de drogas. A mãe diz, ainda, que ele foi internado em uma clínica de reabilitação e que teria largado o vício e a vida criminosa há alguns meses. Porém, recentemente, ele teve uma recaída e passou a vender balas no farol para, assim, sustentar o seu vício.

A mãe lembra que dois policiais militares já haviam ameaçado Miguel de morte e que o último aviso teria sido dado cerca de duas semanas antes do assassinato. "O policial disse que se visse o meu filho na rua novamente, era para eu comprar um caixão pequeno, pois ele não voltaria mais", lembra Andreia.

A mãe do garoto foi avisada de que Miguel foi morto dentro de um parque de diversões itinerante que estava na cidade, após perseguição policial.

Segundo informações do Boletim de Ocorrência, Miguel e outros três adolescentes estavam dentro de um carro roubado quando a perseguição teria iniciado. Eles só pararam quando invadiram o terreno do parque de diversões e colidiram contra um brinquedo. Em seguida a PM fez a abordagem, dando voz de prisão. Mas, segundo os próprios policiais, Miguel os teria ameaçado com uma arma de fogo pela janela do veículo.

"As testemunhas disseram que o meu filho não estava armado e que levou o primeiro tiro assim que levantou os braços, para se render. Quando fui na delegacia perguntar o motivo do meu filho ter sido morto, o delegado disse que não adiantava mais nada, pois ele já estava sem vida. Agradeci o policial que fez a ameaça, em tom irônico, dizendo que eu estava indo comprar o caixão pequeno que ele pediu", lembra.

De acordo com o B.O. a vítima não reconheceu nenhum dos quatro adolescentes como sendo os responsáveis pelo roubo do seu carro. Miguel teria comprado o veículo em uma 'boca de fumo', no começo do mês.

Andreia disse, ainda, que precisou mudar de endereço após o ocorrido, pois continuava a receber ameaças de morte do mesmo policial que ela acusa ter matado o seu filho. 

A corregedoria da PM do Estado de São Paulo começou a apurar o caso na semana passada, e as investigações estão em andamento.