Estudo questiona qualidade da água na Baixada Santista

Especialistas revelam à Rádio Brasil Atual perigos da presença do ácido fluosilíssico na água fornecida pela Sabesp.

16 JUN 2019 • POR • 08h12
Flúor passou a ser usado na água quando do plano de controle ambiental em Cubatão. - NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

Um estudo realizado pelo cirurgião-dentista Ciro Capitani dos Santos, e o químico e ambientalista Élio Lopes, revela os perigos da presença do ácido fluosilíssico (flúor) na água que abastece a Baixada Santista. Com metais pesados em sua composição, o ácido fluosilíssico (flúor) é proveniente da indústria de fertilizantes, sendo considerado cancerígeno. A pesquisa foi apresentada no último dia 3, no Simpósio Santos Sustentável, durante palestra intitulada "Saneamento Ambiental: Água, Esgoto e Resíduos Sólidos". As informações foram reveladas à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

Segundo Lopes, diretor-técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP) e coordenador da pesquisa, faltam estudos mais aprofundados. Na Baixada Santista, o flúor passou a ser usado na água quando se estabeleceu um plano de controle ambiental para diminuir a poluição de Cubatão. "Ácido fluosilíssico traz uma série de metais pesados, alguns tóxicos, como é o caso do cádmio, o alumínio, mercúrio e, inclusive, o arsênio, que é altamente cancerígeno", afirma.

Ciro Capitani dos Santos, coautor do estudo, explica que as empresas de fertilizantes não controlam a quantidade das substâncias que compõem o ácido. Conta que todos os contaminantes encontrados estão dentro dos valores máximos permitidos, porém, quando se trata de substâncias cancerígenas, afirma não existirem valores seguros. "Eles são cumulativos no corpo humano, então, ao longo do tempo, se acaba tendo uma consequência que não se sabe que é por causa da água".

ANDRESSA SALLES

Paralelamente ao estudo, a vereadora de Guarujá, Andressa Salles (PSB) teve rejeitado requerimento que solicitava informações sobre o número de doenças registradas no Município por conta das condições de água fornecida pela Sabesp. Indignada, ela disse que vai continuar questionando a empresa, nem que seja na Justiça. "Estou fazendo a minha parte e não vou desistir de lutar pela comunidade. Crianças estão passando mal por conta da água", disparou na Câmara.

Andressa Salles entrou também com um projeto de lei complementar pedindo a revogação integral da Lei Complementar nº 235/2018 que autorizou o Executivo a celebrar convênio com a Sabesp. O pedido da vereadora foi feito com base na Medida Provisória (MP) do Saneamento Básico, que já entrou em discussão no Congresso Nacional e deve ser aprovada uma nova reformulação onde determina que as prestadoras de serviço não possam mais ser conveniadas e sim ter que passar por um processo licitatório. A Sabesp não se manifestou sobre as duas questões.