Descaso marca prédio do Hotel Avenida Palace, em Santos

Imóvel que abrigou o Hotel Avenida Palace por 98 anos, no Gonzaga, em Santos, sofre com o abandono.

10 JUN 2019 • POR • 08h13
Prefeitura diz que já intimou os responsáveis pelo local, porém ainda não atenderam a determinação. - NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

O icônico prédio que abrigou o Hotel Avenida Palace por 98 anos, no Gonzaga, em Santos, sofre com o abandono. Desde que encerrou as atividades, em fevereiro do ano passado, o imóvel está fechado e a deterioração é visível.

Infiltrações tomaram conta das paredes, há plantas nascendo em meio às rachaduras, as calhas estão penduradas e algumas telhas já não existem mais, deixando o caminho livre para a água parada dentro do prédio.

Quem mais sofre com o descaso são os moradores dos edifícios vizinhos - Belvedere, Bragança e Bandeirantes. De acordo com Leonardo Abreu da Silva, síndico do Belvedere, os moradores têm se reunido para discutir o que fazer.

"O conselho do prédio já fez reclamações formais à Prefeitura de Santos, mas até agora não tivemos retorno. Os moradores dizem que o local está infestado de pombos e ratazanas e que a quantidade de mosquitos que sobe para os apartamentos está insuportável", explica Abreu.

O cheiro de umidade também é forte e pode ser sentido da calçada. Uma das pessoas que administrada a Igreja Ministério Efraim (Assembleia de Deus), instalada no térreo do prédio há sete anos, diz que mês passado parte do teto do salão desabou devido a infiltração.

"Meu pai é o pastor daqui então ele mesmo é quem faz os reparos, mas não adianta porque o foco da umidade é no andar de cima, aí a infiltração sempre volta. Também não temos visto as equipes que fazem vistoria de segurança e de prevenção de acidentes, como um incêndio. Nem mesmo os agentes que fazem a prevenção da dengue conseguem entrar no prédio", conta.

GRUPO MENDES

O imóvel, que é tombado - ato administrativo realizado pelo Poder Público para preservar bens de valor histórico - pertence ao Grupo Mendes (Miramar Empreendimentos Imobiliários).

Questionado sobre o abandono, o Grupo alega que a dificuldade deste prédio se dá devido ao seu tombamento, já que o ato impede a descaracterização. "Por ser um prédio tombado ele não pode ser mexido, causando muita limitação para os inquilinos. Porém, diariamente o Grupo manifesta o desejo de encontrar alguém/empresa, para ocupação do mesmo", disse em nota a assessoria.

PREFEITURA

Já a prefeitura e o Conselho de Defesa do Patrimônio de Santos (Condepasa) afirmam que as regras de tombamento não são tão restritivas assim. Também informou que a Secretaria de Infraestrutura e Edificações (Siedi), já intimou os responsáveis pelo local a apresentar o laudo de vistoria atualizado, porém ainda não atenderam a

determinação.

Para os próximos dias está prevista uma vistoria conjunta entre vários setores do Departamento de Vigilância em Saúde para verificar a situação do imóvel e adotar as medidas necessárias.