Declaração de Bolsonaro sobre 'perdoar o Holocausto' gera mal estar em Israel

O presidente brasileiro visitou o Yad Vashem no começo de abril, durante viagem que fez a Israel.

14 ABR 2019 • POR • 11h55
Mais de 1 milhão de crianças morreram durante o Holocausto. - Arquivo/Reuters/Agência Brasil

Em reação à afirmação do presidente Jair Bolsonaro, na quinta-feira (11), de que "podemos perdoar, mas não esquecer" o Holocausto, o museu Yad Vashem divulgou comunicado neste sábado (13) no qual diz que "não é direito de nenhuma pessoa determinar se crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados".

O centro de memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, é um museu dedicado a homenagear as vítimas e os que combateram o genocídio de seis milhões de judeus pelos nazistas. "Desde a sua criação, o Yad Vashem tem trabalhado para manter a lembrança do Holocausto viva e relevante para o povo judeu e a toda humanidade", completa a nota.

Sem citar Bolsonaro, o presidente de Israel, Reuven Rivlin, publicou, também neste sábado, em uma rede social, duas mensagens em consonância com o comunicado do Yad Vashem.

"O que Amalek fez para nós se inscreveu em nossa memória, a memória do povo antigo. Nós sempre iremos nos opor a aqueles que negam a verdade ou aos que desejam expurgar nossa memória -nem indivíduos ou grupos, nem líderes de partidos ou premiês. Nós nunca vamos perdoar nem esquecer."

Na sequência, Rivlin afirmou que "líderes políticos são responsáveis por definir o futuro". "Historiadores descrevem o passado e pesquisam o que aconteceu. Ninguém deve entrar no território do outro." Antes, o presidente de Israel escreveu que o "povo judeu sempre vai lutar contra o antissemitismo e a xenofobia".

Na quinta-feira, durante encontro com evangélicos no Rio de Janeiro, Bolsonaro disse: "Fui, mais uma vez, ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer. E é minha essa frase: Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro. Se não queremos repetir a história que não foi boa, vamos evitar com ações e atos para que ela não se repita daquela forma".

O presidente brasileiro visitou o Yad Vashem no começo de abril, durante viagem que fez a Israel. Naquela oportunidade, Bolsonaro afirmou que "não há dúvida de que o nazismo foi um movimento de esquerda", o que contraria as informações disponibilizadas pelo próprio museu.