Sistema Anchieta-Imigrantes pode ser alvo de investigação na Assembleia Legislativa

Deputado protocolou pedido de abertura de CPI para investigar a administradora Ecovias.

31 MAR 2019 • POR • 14h26
Sistema Anchieta-Imigrante, que tem o pedágio mais caro do País por quilômetro rodado; contrato da Ecovias acaba em 2026. - Thiago Neme/GSP

*Por Aline Fonseca e Bruno Hoffmann

O Sistema Anchieta-Imigrante (SAI), que tem o pedágio mais caro do País por quilômetro rodado, pode ser alvo de uma investigação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O deputado estadual Paulo Corrêa Jr. (Patriota) protocolou neste mês um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a administração do SAI, concedida à empresa Ecovias desde 1998. O contrato da Ecovias se encerra em 2026.

Paulo Corrêa Jr. decidiu protocolar o pedido porque, segundo ele, há falta transparência e é muito difícil conseguir informações sobre o contrato da empresa com o Governo do Estado de São Paulo. "Estou há quatro anos questionando e não consigo as informações. Por isso o pedido de CPI. Com a CPI eles serão obrigados a falar", afirma. Ele acredita que a comissão se inicie em dois anos, já que há vários outros pedidos à frente.

De acordo com o deputado, a intenção é a de investigar a tarifa dos pedágios, a questão dos fretados, os aditamentos do contrato, a extensão do contrato em troca de obras, as contrapartidas e a operação comboio, entre outras questões.

Em fevereiro deste ano, a Ecovias informou que pretende construir uma ponte que uniria as cidades de Santos e Guarujá, no litoral paulista. A obra é estimada em R$ 2,9 bilhões. De acordo com informações do jornal "Valor", o mais provável é que, se o empreendimento for aprovado, a contrapartida para reequilibrar o contrato seja a extensão do prazo para a Ecovias explorar o SAI.

"A construção dessa ponte é uma lenda que dura 50 anos. Eu espero que a obra saia, e o santistas e guarujaenses também. Mas não adianta nada ser uma obra maravilhosa porém onerosa. Como não adianta haver um rodoanel que ajude a população mas ter um Paulo Preto por trás".

Outra questão a ser apurada, diz o deputado, são os "critérios obscuros" usados para implantar as operações Comboio, descida e subida. "Nunca entendi como uma operação, que foi feita para ajudar a população, na verdade mais atrapalha, principalmente os moradores da Baixada Santista, que ficam horas presos no sistema", conta o parlamentar. "O cidadão paga para usar uma rodovia melhor e acaba andando pela pior", diz, em referência a pagar o pedágio da Imigrantes para dirigir, na verdade, pela Anchieta.

"Decidi instaurar essa CPI por morar na Baixada Santista e trafegar quase que diariamente pelo Sistema Anchieta-Imigrantes. Assim como eu, os cidadãos têm diversas dúvidas e precisam receber esclarecimentos. Por isso pretendo pedir contratos e aditamentos da empresa para analisar tudo o que vem sendo feitos nesses últimos anos", conclui o deputado estadual.

PEDÁGIO MAIS CARO DO PAÍS

A Gazeta apurou que os paulistas que desceram a serra durante o Carnaval chegaram a desembolsar cerca de R$26,20 no pedágio mais caro do País, o do Sistema Anchieta-Imigrantes. O valor é para quem vai de carro, já os ônibus pagam R$52,40. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), para cada 100 quilômetros rodados, o viajante tem de desembolsar em média R$33,11.

Em feriados, como o Carnaval, o tráfego varia entre 300 mil e 500 mil veículos em direção ao Litoral.

As rodovias Imigrantes e Anchieta, sob a administração da concessionária Ecovias, são a principal ligação entre a região metropolitana e o litoral de São Paulo. Em julho do ano passado, a tarifa do pedágio teve um reajuste de 2,85%. De acordo com levantamento realizado pela Gazeta, o pedágio do Sistema Anchieta-Imigrantes só perde para o da Viaoeste, responsável por quase 169 quilômetros das rodovias Castello Branco e Raposo Tavares. A cada 100 quilômetros, a Viaoeste cobra R$23,75 dos motoristas, de acordo com estudo do Ipea. (Da Gazeta de São Paulo)