Santos terá primeiro centro de acolhimento para LGBTs expulsos de casa

O imóvel do antigo Ambulatório de Especialidades (Ambesp), no Centro, deverá abrigar o equipamento

22 MAR 2019 • POR • 18h01
Completamente desgastado e carente de uma reforma estrutural e elétrica, o edifício fica na Rua Gonçalves Dias, 8, no Centro - Nair Bueno/DL

O Conselho de Cultura (Concult) está em tratativas com a Prefeitura para que o imóvel do antigo Ambulatório de Especialidades (Ambesp), no Centro, abrigue o primeiro centro de acolhimento para pessoas LGBT vítimas de violência ou expulsas de casa em Santos. A ideia está no escopo do projeto de vila com aluguel social para artistas e consta também como meta do Plano Municipal de Cultura, sancionado em 2017. O objetivo é que os atendidos ofereçam contrapartida social e artística para a cidade.

De acordo com o conselheiro Júnior Brassalotti, o Concult mapeou as casas de posse da Administração que poderiam servir a esse fim. O prédio do Ambesp - que atualmente pertence à Secretaria da Saúde, foi um dos elencados. "Ainda não conseguimos conversar pessoalmente com o secretário, mas vamos retomar esse assunto, juntando a pasta da Cultura e da Assistência Social para ver como conseguimos tocar esse projeto que é embrionário mas está avançado no ponto de vontade política", conta.

O Centro de Acolhimento segue os moldes de iniciativas já exitosas do gênero no Brasil, como a Casa 1 de São Paulo, uma república de acolhimento e centro cultural que tem como missão acolher pessoas LGBTs em situação de risco e criar um espaço para criação e trocas.

Completamente desgastado e carente de uma reforma estrutural e elétrica, o edifício fica na Rua Gonçalves Dias, 8, no Centro. O imóvel de sete andares e uma área de 2.800 m² pertencia ao Governo Federal e foi cedido ao Município em outubro de 2013. A validade é de dez anos, prorrogáveis por iguais e sucessivos períodos.

Em nota, a Prefeitura de Santos destacou que durante reuniões do Conselho de Cultura de Santos (Concult) foram iniciadas conversas para que seja realizado mapeamento de possíveis imóveis que tenham condições de receber o abrigo para os artistas. Após esta fase, ainda será necessária a elaboração de um projeto que atenda tal finalidade.

Artistas

A luta por um espaço que abrigue artistas já é pauta do Movimento Cultural da cidade desde as audiências públicas que resultaram no Plano Municipal de Cultura, sancionado em julho do ano passado. Na meta 21, o documento destaca a inclusão de artistas comprovadamente em situação de vulnerabilidade em programas de habitação e a criação de um retiro para artistas idosos.

Mais de 150 imóveis na cidade estão aptos para receber, além de moradia social para artistas, intervenções e propostas de ocupação de todos os segmentos.

A ideia é que esses profissionais possam ministrar oficinas em escolas públicas como contrapartida, devolvendo para sociedade o investimento de parte do Poder Público.