Região perde mais de 300 árvores na temporada de verão 2019

Levantamento feito até a última sexta-feira mostrou que a Baixada chegou ao fim da temporada com menos 341 árvores

18 MAR 2019 • POR • 09h00
A cidade que perdeu mais árvores foi São Vicente, com 95 ocorrências, seguida por Santos, com 72 - Nair Bueno/DL

A Baixada Santista perdeu 341 árvores durante a temporada de verão 2019. A cidade que registrou mais quedas foi São Vicente, com 95 ocorrências desde o início do ano, seguida por Santos, com 72, e Guarujá com 42. Das 95 árvores caídas em São Vicente, 70 foram ao chão em apenas um dia, na última quinta-feira (7) com a forte tempestade que assustou a região.

No entanto, o que se tem observado, principalmente em Santos, é que grande parte das árvores que caem não estavam condenadas, mas não aguentaram porque a velocidade dos ventos tende a aumentar em áreas verticalizadas.

"Os prédios criam barreiras físicas e os ventos, por exemplo, que vêm do mar, não têm para onde correr e acabam canalizados entre as edificações. Como o volume de massa que passa pelos vãos é muito grande, a velocidade aumenta e isso prejudica as árvores", explica o engenheiro agrônomo Maykon Clemente.

"Imagina uma mangueira de água sem ninguém colocar o dedo na ponta: a água vai sair em uma velocidade. A partir do momento que é colocado um esguicho na ponta, ela vai mais longe e em uma velocidade maior, mas a quantidade de água continua a mesma. Ou seja, para passar mais água, a velocidade aumenta e aí a pressão fica maior. É mais ou menos o que acontece com o vento quando canalizado", detalha.

Além disso, o solo encharcado pode favorecer a queda. Cubatão, por exemplo, cidade com menos prédios, contabilizou 13 árvores, número bem menor se comparado com os municípios mais verticalizados. Bertioga perdeu três e Mongaguá duas. Já Peruíbe tem hoje 35 árvores a menos e foi a cidade com mais queda do Litoral Sul.

Destinação

A maioria das cidades tritura e reaproveita as árvores como adubo orgânico, usado em jardins e áreas verdes.  Cerca de 20% são destinados ao aterro. Vale lembrar que árvores comprometidas pela infestação de cupins ou por doenças não são reaproveitadas.

Já o espaço deixado por elas recebe uma nova espécie que melhor se adapta de acordo com estudos de cada prefeitura. Para isso, são levadas em consideração todas as interferências da rua como largura da calçada; recuo do imóvel; iluminação pública; redes de água; captação de luz solar, entre outros. Caso contrário, a calçada recebe concreto.

As espécies priorizadas na Baixada Santista são as nativas da Mata Atlântica, que melhor se adaptam ao clima, como ipês, quaresmeiras, pitangueira, grumixama, e as mais exóticas como a resedá, murta, pata de vaca.

Monitoramento

Tecnicamente, são consideradas árvores com risco de queda as que apresentam uma inclinação grande, com doença ou mais de 40% do cerne comprometido pela infestação de cupins.

Por isso, as cidades realizam um monitoramento feito através de solicitação que chegam por meio do (199) Corpo de Bombeiros, Secretaria de Meio Ambiente ou Atendimento ao Contribuinte.

Quando o solo não está adequado ou corre risco de prejudicar fiações elétricas, a árvore passa pelo processo de transplante, e é replantada em outro local, como uma praça por exemplo. Árvores de grande porte são cortadas e não são recolocadas.