Dia Mundial dos Catadores passa despercebido

Trabalhadores só foram lembrados no feriado, ao recolher toneladas de recicláveis durante o carnaval.

11 MAR 2019 • POR • 08h00
É a atuação desses trabalhadores que faz o Brasil ter um dos maiores índices de reúso de alumínio - Nair Bueno/DL

Dia 1º de março é comemorado o Dia Internacional dos Catadores e Catadoras de materiais recicláveis. Mas, mais uma vez não se viu destaque no noticiário do dia sobre o tema, nem homenagens das prefeituras para estes trabalhadores.

Só foram lembrados durante o Carnaval, já que na maioria das cidades, foram eles os responsáveis por coletar e destinar corretamente os resíduos deixados pelas milhares de pessoas que comemoraram em blocos e desfiles de rua. Em troca, recebem valores de acordo com o peso e material coletado.

Na Baixada Santista, as cooperativas de materiais recicláveis têm parceria com as prefeituras e recebem semanalmente o material retirado pelos caminhões que fazem a coleta. Além disso, existem os catadores avulsos que se dirigem às cooperativas para vender o material que conseguiram recolher.

Em Guarujá, cerca de 10 catadores avulsos procuram diariamente a Cooperativa de Beneficiamento de Materiais Recicláveis e Educação Ambiental (CBMREA/Cooperben), de acordo com o gestor Marcelo Silva de Mello.

"No carnaval eles conseguiram pegar em torno de 150 Kg por dia. Fora de temporada, cai para 30 Kg", explicou.

Questionado se a quantidade estava de acordo com a expectativa, respondeu que "não há expectativa", já que a categoria segue sem o reconhecimento necessário tanto por parte do poder público quanto da população.

"Nós temos parceria com a prefeitura, mas durante o feriado não fomos chamados para fazer coleta nos bloquinhos de rua. Fizemos apenas de um porque a empresa que produziu o evento entrou em contato e solicitou nossos serviços", explicou.

Desta forma, Marcelo diz que os recicláveis acabam sendo recolhidos pela limpeza urbana comum e direcionados ao aterro sanitário, já saturado desde 2017.

"Nós perdemos trabalho e a natureza é prejudicada mais uma vez".

SÃO PAULO

Na cidade de São Paulo, durante o carnaval, os catadores que trabalharam no centro chegaram a recolher até 60 quilos, seis vezes mais latinhas do que em dias comuns, quando a quantidade gira em torno de 10 quilos.

É a atuação desses trabalhadores que faz o Brasil ter um dos maiores índices de reúso de alumínio, cerca de 97%.

NA REGIÃO

A Reportagem questionou as prefeituras de Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Itanhaém sobre quantos catadores são cadastrados e a quantidade de recicláveis destinadas às cooperativas através do trabalho deles, mas não obteve respostas, com exceção de Praia Grande, que disse ter 80 catadores, e Itanhaém, que informou não possuir cadastro.