Casais formados após os 60 anos contam que se apaixonar na maturidade é poder renovar seus sonhos

"Nunca é tarde para nada na vida. Essa coisa de idade é bobagem", afirma a pedagoga Liça Bomfim, 78.

20 JAN 2019 • POR • 20h44
*Imagem ilustrativa que não representa a identidade dos entrevistados. - Fotos Públicas

"Nunca é tarde para nada na vida. Essa coisa de idade é bobagem", afirma a pedagoga Liça Bomfim, 78. Ela ficou casada por 34 anos. Passou outros 14 anos solteira e tranquila. Aos 70, decidiu que a vida seria melhor com alguém ao seu lado. Ela não é a única. Há muitos casais maduros que recomeçam suas vidas amorosas até mesmo após os 80.

"A vida muda nessa idade e a necessidade de ganhar mais dinheiro para criar os filhos fica para trás. Sem muita função, um novo amor devolve sentido à vida, dá um outro propósito para o dia a dia", diz Yuri Busin, psicólogo, doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Com os filhos criados, Liça começou a sentir que precisava de mais companhia e cedeu aos pedidos de sua filha para se cadastrar no site de relacionamentos Par Perfeito. Conversa vai, conversa vem, ela decidiu conhecer de perto o engenheiro químico Luiz Rocha, na época com 79 anos, hoje com 87. 

"Nos encontramos em um lugar público para conversar de forma segura. Fui com uma rosa para ela", lembra ele. Luiz estava viúvo. "Morava sozinho e fiquei cansado disso. "Fui casado por 52 anos, mas pensei: "Onde eu ia encontrar alguém? Na fila do supermercado ou na farmácia?", questiona aos risos. Foi quando apostou na internet e encontrou Liça.

Oito anos após se conhecerem, os dois estão casados. "Relutei um pouco para morar junto, porque tive medo de perder a liberdade. Não queria novamente ficar presa às funções da casa", diz a pedagoga. Nada disso aconteceu. "Está tudo muito melhor."

Os dois vão ao cinema, fazem jantares e viajam. As famílias logo se integraram também. "Tenho amigas que não tiveram um boa experiência no casamento e acabaram desistindo. Mas cada experiência é única", reforça Liça. "A convivência a dois é mais gostosa. É muito crescimento viver com outra pessoa, saber dividir, saber ceder, saber conversar. Faz a gente não olhar só para o próprio umbigo", reflete ela. 

De tão boa a experiência, Liça escreveu um livro no ano passado, "Os Velhos Também Amam" (152 pag. ed. Cajuína, R$ 48), em que apresenta 18 contos sobre o assunto.

(https://yuribusin.com.br/)