Jornalista Francisco Aloise recebe Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo

Pelo segundo ano consecutivo a série de reportagens Cárcere Flutuante, publicada no Diário do Litoral e transformada em livro-reportagem, foi uma das vencedoras na categoria Grande Reportagem

11 DEZ 2018 • POR • 11h16
Divulgação

O jornalista santista Francisco Aloise recebeu na  noite desta segunda- feira, em Porto Alegre, pelo segundo ano consecutivo, o prêmio Direitos Humanos de Jornalismo. Promovido pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, o prêmio vem sendo qualificado de o Oscar do Jornalismo e é realizado  há 35 anos envolvendo uma disputa entre jornalistas do Brasil e da América Latina.

Francisco Aloise foi um dos vencedores na categoria Grande Reportagem. A série de reportagens Cárcere Flutuante, que conta as prisões de sindicalistas no navio-prisão Raul Soares foi  publicada no Diário do Litoral  e transformada em livro-reportagem. 

A série jornalística relata  as prisões, dramas e torturas de sindicalistas e políticos nos calabouços do navio-prisão, durante a ditadura militar, em 1964, e a incessante busca da verdade pelos presos sobreviventes daquela época e seus familiares. Neste ano o tema  foi:  As Fakes News Mudam Também a Sua História.

O livro-reportagem de Francisco Aloise teve nesta edição como título: Fake News, O Diário de Bordo Invisível da Repressão e disputou o prêmio na categoria Grande Reportagem.  O trabalho jornalístico recebeu Menção Honrosa dos jurados que, ao todo, tiveram que analisar 209 reportagens inscritas. Em 2017, o jornalista santista também foi um os vencedores da premiação com o livro-reportagem: Cárcere Flutuante, Verdade Ainda Submersa.

Além de Francisco Aloise, também foram premiados, na categoria Grande Reportagem, os jornalistas Diana Brito com a reportagem Rio sem Lei, Cristina Tardáguila, com a reportagem Você foi Enganado e Moriti Neto com a reportagem Roucos e Sufocados.

A premiação envolveu ainda  jornais, televisão, revistas semanais,  documentário, rádio, fotografia, jornalismo acadêmico e online.

Surpreso e também emocionado com o segundo prêmio consecutivo de jornalismo,  Francisco Aloise foi também destacado pelo presidente do MJDH/RS, Jair Khrische, para fazer a entrega do prêmio na categoria Acadêmica a um grupo de  estudantes de jornalismo do Rio Grande Sul. " Vi esses estudantes e futuros colegas muito emocionados e, alguns, derramando lágrimas de felicidade ao receberem de minhas mãos seus prêmios e quase chorei com eles pois, voltando no túnel do tempo,  lembrei-me da forte emoção que senti no meu primeiro prêmio, o Saturnino de Brito de Jornalismo, ocorrido aos 20 anos de idade, em reportagem no extinto jornal Cidade de Santos e falei isso a esses jovens que começam a dar seus primeiros passos no jornalismo", informou Francisco Aloise.

Sobre o segundo prêmio consecutivo, o jornalista santista mencionou que o tema sobre Fakes News, tão atual hoje, foi de encontro ao novo conteúdo da nova edição do livro-reportagem lançado neste ano, fato que contribuiu na análise dos jurados. “Esta  história ocorreu há 54 anos mas ainda hoje  traz reflexos e também sequelas nos familiares dos prisioneiros. Sindicalistas que ficaram presos no navio, ao serem entrevistados,  sempre relataram que boatos e mentiras espalhadas no convés do navio Raul Soares, serviam de tortura psicológica, ou seja: uma Fake News à moda antiga em pleno ano de 1964. Uma delas era de que o navio seria levado para alto mar durante a madrugada e lá afundado com todos a bordo”.

A cerimônia do prêmio, nesta segunda, dia 10, ocorreu na data em que se comemora os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Filme

O livro-reportagem Cárcere Flutuante também está servindo de  base para projeto de um filme de longa metragem que será rodado em Santos, em 2019, com lançamento previsto para 2020.

Sobre o jornalista 

Francisco Aloise é um dos decanos do jornalismo santista. E o único que trabalhou nos três jornais diários de Santos - Cidade de Santos, A Tribuna e Diário do Litoral-. 

Ao longo de sua carreira recebeu outros prêmios de jornalismo, entre eles dois prêmios Saturnino de Brito. É credenciado no Comitê de Imprensa da Câmara Federal, em Brasília e se especializou na reportagem sindical, trabalhista e previdenciária.

JORNALISTA ESTÁ A PROCURA DE TOMOSCHI SUMIDA, UM DOS PRISIONEIROS MAIS TORTURADOS NO NAVIO-PRISÃO

O jornalista Francisco Aloise, informa de Porto Alegre, que está a procura de notícias do estudante japonês Tomoschi Sumida, um dos presos mais castigado no navio- prisão Raul Soares.

Menciona que todos os sindicalistas presos no navio relataram a crueldade feita com o estudante, que semanalmente era trancado numa geladeira onde permanecia durante muito tempo e de vez em quando a geladeira era aberta e ele retirado para que  respirasse e fosse interrogado. 

Se alguém souber do paradeiro de Tomoschi ou de seus familiares pode entrar em contato com o Diário do Litoral a fim de que se possa esclarecer essa parte da história.

"Assumi esse compromisso com o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, o  de localizar esse estudante e resgatar um elo perdido nessa triste história de repressão ocorrida no Porto de Santos", conclui o jornalista santista.