‘Dever de orientar jovens é mútuo’, afirma Ricardo Hayden

Ele explica que os órgãos de saúde devem reforçar as campanhas de prevenção ao HIV/Aids, porém, concorda que a família, pais ou responsáveis, também têm o dever de alertar as crianças e os adolescentes sobre formas de se evitar as infecções sexualmente tr

9 DEZ 2018 • POR • 12h41
Ricardo Hayden defende aplicação de conteúdo programático nas escolas para orientar os jovens sobre prevenção ao HIV. - Agência Brasil

Segundo matéria publicada recentemente no jornal O Globo, o futuro ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou “não acreditar na efetividade das campanhas de prevenção e educação continuada em escolas ou unidades básicas de saúde”.

O médico infectologista Ricardo Leite Hayden, que também é coordenador de Infectologia do Departamento Científico da Associação Paulista de Medicina/Associação Médica de Santos, discorda em parte da declaração de Mandetta. Para ele, a responsabilidade de orientar e conscientizar a população em idade escolar é mútua.

Ele explica que os órgãos de saúde devem reforçar as campanhas de prevenção ao HIV/Aids, porém, concorda que a família, pais ou responsáveis, também têm o dever de alertar as crianças e os adolescentes sobre formas de se evitar as infecções sexualmente transmissíveis (IST’s).

Mas, Hayden analisa que a participação da família na orientação sexual dos menores de idade é muito difícil. Ele aponta a ignorância sobre o HIV/aids e o tabu como principais barreiras que impedem a atuação efetiva dos familiares na orientação dos filhos sobre a importância  de usarem preservativos nas relações sexuais.       

Prevenção custa menos que tratamento

Hayden analisa que a prevenção é fundamental e custa bem menos para o Governo Federal. 

“A prevenção é o elemento-chave, evita a doença, evita o tratamento, o uso de remédios”, afirma o especialista complementando que os investimentos em tratamento são bem maiores.

Ricardo Hayden ressalta que é preciso intensificar as campanhas de conscientização e sugere que os órgãos de saúde devem aplicar conteúdo programático nas escolas adequado às faixas etárias nos ensinos fundamental e médio.

Interrupção na distribuição de medicamentos é impensável

Entretanto, o infectologista não acredita numa possível revisão nas estratégias de enfrentamento ao HIV/Aids do Ministério da Saúde que possa prejudicar pacientes. Hayden disse que não vê impacto sobre tratamento de pacientes como uma possível interrupção na distribuição de medicamentos.

HIV: alta incidência entre jovens

A maior concentração de pacientes com HIV/Aids está entre os homens nas faixas de 20 a 39 anos de idade, na Baixada Santista, segundo constatou o Diário após levantamento realizado junto a oito dos nove municípios da região. 

Reportagem sobre o levantamento foi publicada na edição do dia 1º de dezembro (sábado), Dia Mundial de Luta contra a Aids.  

Santos, São Vicente, Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Mongaguá e Peruíbe registram novos diagnósticos entre homens, mulheres, adolescentes, crianças e idosos, ano após ano, apesar dos esforços dos departamentos voltados às ações de prevenção e conscientização sobre o HIV.