Campos de várzea de Santos podem ser tombados pelo Estado

Em Santos, existiram 130 campos nos últimos cem anos; hoje, só dois ainda resistem à especulação imobiliária

16 OUT 2018 • POR • 08h20
Os dois campos de várzea de Santos podem ser tombados pelo Estado - Divulgação/PMS

O Governo de São Paulo cria hoje um grupo de trabalho com o objetivo de tombar os campos de várzea do Estado e reconhecer a modalidade como uma plataforma de inclusão social. Em seis das nove cidades da Baixada Santista, existem 74 locais para bater uma bolinha.

Todo o processo deve ser conduzido pelo chefe da Casa Civil, Aldo Rebelo. O grupo é destinado ao estudo de ações e à identificação de medidas que visem a valorização e proteção sociocultural do futebol de várzea. Ele será formado, inicialmente, por membros da Casa Civil, Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude, Secretaria de Cultura, Museu do Futebol, Secretaria de Desenvolvimento Social, entidades públicas, sociedade civil e setor privado. Após 180 dias, será apresentado relatório de conclusão.

Dentre os objetivos principais está o tombamento dos campos de várzea e o debate e sugestão de políticas públicas que busquem preservar o espaço utilizado e formas de cooperação com os municípios e instituições privadas como forma de incentivo e expansão da modalidade.

Jair Siqueira, pesquisador a da história do futebol de várzea em Santos, disse que a Cidade só tem dois campos para a modalidade.

“De várzea, só temos o do  Bandeirantes do Saboó e o do Jardim São Manoel. Os outros são particulares e tem que ser pago aluguel para usar, casos do Juventude de Nova Cintra, Abrescas, ADPM, Brasil FC e Jabaquara”, relatou. Siqueira destacou que Santos já possuiu 130 campos nos últimos 100 anos.

“Em Santos, não temos áreas livres com tamanho suficiente para fazer um campo de futebol. No mínimo seria um terreno com 105x70 metros. Depois do Portuários que tem uma área da União muito grande, que deve ser devolvida, tem muita gente de olho querendo construir moradias”, afirmou.

Sobre a iniciativa do Governo, Siqueira gostou da ideia, porém, acha muito pouco preservar dois campos. Sobre o campo existente Centro Esportivo Paulo César Araújo, Pagão, o pesquisador não considera como de “várzea”. “É um campo da comunidade da Zona Noroeste, mas se outro bairro pedir para jogar e deixar os de lá fora, vai dar problema”, declarou Jair Siqueira, que prepara um livro sobre o tema.  

O futebol de várzea revelou vários jogadores que brilharam no futebol profissional Clodoaldo Tavares Santana, o maior artilheiro do Corinthians, Cláudio Cristovão Pinho e mais recentemente Elias (Atlético Mineiro), Ricardo Oliveira (Atlético Mineiro), Zé Roberto (ex-jogador da Seleção Brasileira), César Sampaio (ex-jogador da Seleção Brasileira), Serginho Chulapa (ex-jogador da Seleção Brasileira), Cafu (ex-jogador da Seleção Brasileira), Denílson (ex-jogador da Seleção Brasileira), Casagrande (ex-jogador da Seleção Brasileira).

Baixada

De acordo comas assessorias de imprensa das Prefeituras, as cidades possuem os números de campos de várzea: São Vicente, 13; Guarujá, 30; Cubatão, 07; Mongaguá, 09; Praia Grande, 13; Santos, 02. Bertioga, Itanhaém e Peruíbe não informaram.

O evento acontece às 10 horas, no Museu do Futebol, na Praça Charles Miler, s/n, no Pacaembu, na Capita, em São Paulo.