Amor pelas palavras une professor e alunos em São Vicente

Estudantes do 5º e do 6º ano se transformaram em autores de obras que serão lançadas no próximo dia 23 de outubro

15 OUT 2018 • POR • 15h39
Foi o amor pelas palavras que uniu o professor Felipe Augusto Santana e alunos do Colégio Batista da Primeira - Divulgação/Sissi Lima

Transformar em livro a imaginação de dezenas de crianças. Foi o amor pelas palavras que uniu o professor Felipe Augusto Santana e alunos do Colégio Batista da Primeira em uma empreitada pelos caminhos da literatura: de estudantes do 5º e do 6º ano, eles se transformaram em autores de obras que serão lançadas na escola no próximo dia 23 de outubro.

Duas obras com tipos de textos e conteúdos distintos fazem parte da empreitada. A primeira, ‘O Porco virou Linguiça’, reúne poesias de protesto dos alunos do 6º ano em relação aos problemas encontrados em São Vicente. Já ‘Um Dia em Minha Vida’, narra as descobertas e o cotidiano dos alunos do 5º ano.

Para que as palavras ganhassem vida, foi preciso a integração entre os professores e alunos, que fizeram diversas visitas à sala de informática e principalmente à biblioteca. “Pegamos alguns livros para ver como deveríamos escrever e como o texto ia ficar”, conta Lucas Barros, de dez anos.

Cada aluno receberá oito exemplares e o dinheiro da venda será revertido para eles. “Além do lucro acadêmico, que é indiscutível, o programa incentiva ao contratante realizar o lançamento oficial da obra com a presença de amigos e familiares, a fim de divulgar e comercializar exemplares”, conta Felipe.
Miguel Fernandez, de 11 anos, está animado para o lançamento. “Minha família toda quer o livro e todo mundo está feliz de me ver virando escritor”, afirma.

Para a professora Daniela Rabelo, a empreitada auxiliou no aprendizado dos alunos em sala. “Muitos tinham dificuldade em poesia e durante o processo de pesquisa viram que não tem muito segredo. Sem contar que eles usaram esse espaço para se expressar e isso com certeza ficará marcado em suas vidas. Lá na frente eles irão se lembrar que um dia denunciaram o que estava errado na cidade onde eles vivem e isso estará impresso”, conta.

Projeto

O projeto, batizado de Jovem Acadêmico, nasceu em 2012 para que bons textos não morressem no caderno. “Eu havia publicado um livro pessoal de literatura infantil em 2010 chamado ‘Maria, a menina que nada temia’ e tinha como norte na profissão a leitura. Em 2012 levei meu livro para a turma do 3º ano da UME Estado do Ceará, em Cubatão, e eles ficaram radiantes ao saber que aquele texto era meu. Decidi então conversar com os pais e ver se eles topavam a loucura de publicar os escritos dos filhos”, conta.

E o feito deu resultado: após a conversa, os pais embarcaram no projeto e assim surgiu ‘O Livro das Origens’. Dois anos depois, foi a vez do lançamento ‘Plantando Poesias’, coletânea dos alunos da Escola Lorena.

O professor elenca os benefícios da publicação. “O aluno mais sábio e habilidoso. Também será mais corajoso e persistente, pois não é fácil sentar em frente de uma tela de computador ou uma página em branco e preenchê-la com palavras que contam uma história de uma forma interessante. Além disso, eles estão dando voz a sua visão de mundo: sua escrita revela suas próprias experiências. Eles estão externando o que está nos recantos escondidos de suas vivências e, quem sabe, descobrindo o seu propósito de vida”, pondera.

Em tempos de avanços tecnológicos, Felipe destaca ainda a importância da memória. “Essas crianças viverão para sempre. Memórias realmente são tudo o que sobrarão de nós quando deixarmos esta terra. O livro, no entanto, viverá para sempre, especialmente na era digital”, finaliza.