Clínica de Itariri usava 'pau da cura' para espancar internos, diz polícia

Um dos internos fugiu do local e a polícia acabou descobrindo que a clínica, que fica numa chácara, torturava adolescentes e adultos.

1 SET 2018 • POR • 16h23
A clínica não tinha autorização para funcionar e foi fechada pelos policiais. - Divulgação/Polícia Civil

Depois de um interno fugir de uma clínica para tratamento de dependentes químicos na cidade de Itariri, no Vale do Ribeira, e a polícia militar ser acionada, o estabelecimento, que se encontrava em situação irregular, foi fechado pelas autoridades.

Ambientes sujos, remédios espalhados por todos os cômodos e visíveis condições desumanas chamaram a atenção dos policiais, que ao iniciarem os questionamentos notaram que os cuidadores da clínica eram ex-internos que se diziam 'curados'. O local não tinha licença para funcionar.

No local haviam 16 pessoas internadas, entre adolescentes e adultos, e todas afirmaram sofrerem torturas e mais tratos. Um taco de beisebol de plástico com as inscrições 'Só por hoje' e 'A cura' foi apreendido pelos policiais, além de um facão também indicado como objeto das agressões.

Os internos ainda afirmaram que mal podiam falar com seus parentes, e as ligações telefônicas eram todas monitoradas por um cuidador, que os ameaçava caso falassem que não estava tudo bem.

Além disso, eles informaram aos policiais que eram jogados na piscina durante a madrugada, enquanto dormiam, e que remédios controlados lhes eram dados sem qualquer prescrição médica. E, caso se negassem a tomá-los, as torturas eram novamente iniciadas.

Uma força-tarefa esteve no local (entre funcionários da prefeitura e autoridades). Os menores foram encaminhados ao Conselho Tutelar, enquanto os adultos receberam atendimento médico e psicológico enquanto aguardavam na delegacia os seus parentes para acompanhá-los.

Os donos da clínica ainda não foram localizados e caso segue sob investigação.