PF descarta sabotagem em avião que matou Campos

As investigações para apurar o acidente, que ainda deixou outras seis vítimas fatais além do presidenciável, incluíram o depoimento de 75 pessoas

9 AGO 2018 • POR • 11h35

Após quatro anos, o inquérito aberto pela Polícia Federal para investigar a queda do jatinho que matou, em agosto de 2014, o então candidato à Presidência da República, o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE), foi encerrado sem responsabilizar uma pessoa ou empresa pelo acidente, cuja causa principal pode ter sido tanto mecânica quanto humana. Mas afastou a hipótese de sabotagem.

As investigações para apurar o acidente, que ainda deixou outras seis vítimas fatais além do presidenciável, incluíram o depoimento de 75 pessoas, testes dentro e fora do país, simulações de computador e inúmeros laudos periciais.

Na mesma linha do que já havia concluído o Cenipa, órgão da Aeronáutica encarregado da apuração sob o ponto de vista da prevenção de futuros acidentes, a investigação da PF, que produziu 26 volumes com 4,2 mil páginas, elencou quatro hipóteses principais. Todas, contudo, não puderam ser nem descartadas nem confirmadas pela PF, que também não tem como atribuir um grau de probabilidade para cada uma.

O avião pode ter caído após uma colisão com urubus ou uma manobra para evitar um choque com os pássaros, pela desorientação espacial dos pilotos, por uma pane nos controles de arfagem (movimento de inclinação do avião), em especial no profundor, uma superfície localizada na cauda do avião que faz o nariz do aparelho apontar para cima ou para baixo, ou por uma pane intermitente numa peça ligada ao profundor, o compensador.

Por outro lado, foram descartadas as hipóteses de um golpe de vento, um desbalanceamento, uma falha no estabilizador horizontal, um ato de sabotagem, uma incapacidade ou um suicídio dos tripulantes.

Delegado

O delegado que conduziu o inquérito, piloto por formação e especialista em investigações do gênero -também conduz o inquérito que apura a morte do ministro do STF Teori Zavascki-, Rubens Maleiner, reconheceu que algumas pessoas possam ficar frustradas sem uma solução mais clara sobre o que ocorreu em Santos (SP) às 13h02min do dia 13 de agosto de 2014, quando o jatinho Cessna modelo Citation C560 XLS+, de prefixo PR-AFA, despencou sobre casas em Santos (SP), matando o candidato, o piloto, Marcos Martins, o co-piloto, Geraldo Magela, e os assessores Carlos Augusto Leal Filho, o “Percol”, Alexandre Severo Gomes e Silva, Marcelo Lyra e Pedro Valadares Neto.

“Sei que pode parecer um pouco frustrante, mas temos que comprovar fatos e esse acidente, com toda a complexidade, teve características peculiares. Conseguimos entender bem o que aconteceu, em termos de mecânica do voo e do sinistro, mas isso não significa que conseguimos desvendar por que aquilo aconteceu daquela maneira”, disse o delegado, que apresentou à imprensa os resultados do inquérito ontem no hangar da PF em Brasília, ao lado do perito criminal federal Guilherme Conti.