Peças falsificadas de carro trazem perigo a motoristas

U$12 bilhões. este é o valor de perda anual das indústrias com falsificação de peças automotivas no mundo

5 AGO 2018 • POR • 13h45
A falsificação na cadeia produtiva é um problema que impacta todas as indústrias - Rodrigo Montaldi/DL

A falsificação na cadeia produtiva é um problema que impacta todas as indústrias de grande escala, inclusive a automotiva. A Comissão Federal de Comércio (Federal Trade Commission, com sede nos EUA) estima que a falsificação global de peças automotivas pode custar até U$12 bilhões por ano à indústria.

As corporações têm aumentado sua procura por componentes provenientes do mundo inteiro a fim de manter sua competitividade e com isso a presença de itens falsificados cresceu. Embora uma parte falsificada pode não ser perceptível no produto final, ela pode impactar a segurança e o desempenho do produto. 

Em 2014, um fabricante fez um recall de milhares de carros depois da descoberta de um fornecedor ter usado material plástico falsificado no pedal do acelerador. A empresa investigou o material acompanhando relatos de que essa peça estaria quebrando durante a instalação na parte final de montagem do carro.

“Com cadeias produtivas mais globais e complexas, fabricantes podem não estar cientes que componentes do carro não atendem especificações de engenharia e outras normas no produto final,” diz Rod Jones, gerente de investigação da UL, empresa que inspeciona, audita e certifica de acordo com as normas do INMETRO. 

Materiais falsificados e/ou inferiores e rótulos falsificados são algumas das maneiras como os criminosos conseguem fazer suas peças penetrarem na cadeia produtiva. 

Além do impacto financeiro, produtos falsificados também podem machucar pessoas. Produtos de má qualidade, como velas de ignição que superaquecem e forros de freio feitos de serragem compensada põem os motoristas e quem estiver no carro em risco. 

Como falsificadores ganharam maior acesso a tecnologia sofisticada e mão de obra barata, o mercado de falsificação não deve diminuir o ritmo. Além disso, facilidade de pedir peças em pequena quantidade de qualquer parte do mundo aumentou o acesso de consumidores a produtos falsificados.

Por isso, o montador deve procurar por empresas sérias, que ofereçam produtos passíveis de testes e certificações – às vezes voluntárias que oferece mais segurança e uma possível rastreabilidade. 

Combate à falsificação

Novas tecnologias para autenticar matérias-primas e peças e certificação sofisticada são as novas armas no combate à falsificação. 

Por exemplo, a UL desenvolveu uma marca que pode ser rastreada através de sistemas que comprovam a validade da marca, confirmando se o produto foi ou não certificado pela empresa. 

“Algumas de nossas novas marcas têm um código QR que gera uma página automática sobre o produto na internet possibilitando transparência na informação do produto. Para além de tecnologia, a UL também tem um time que investiga denúncias de falsificações de produtos com nossa marca no mundo todo e trabalhamos em parceria com agências como o FBI e a INTERPOL”, explica a empresa.

Combinar essas medidas com esforços coordenados da indústria automotiva, governos, agências fiscalizadoras e sociedade civil é o que é necessário para combater os riscos.