'Ou a gente muda este País ou muda de País'

A frase mostra a indignação e o inconformismo da jornalista e pré-candidata a deputada federal pelo PSB, Rosana Vale

30 JUL 2018 • POR • 09h35
Rosana acredita que não perderá o contato das ruas - Rodrigo Montaldi/DL

A frase acima mostra certa indignação e o inconformismo da jornalista e pré-candidata a deputada federal pelo PSB Rosana Vale. Se chegar à Câmara dos Deputados, Rosana acredita que não perderá o contato das ruas. 

Ela garante que, no legislativo, nunca deixará de fiscalizar e contestar - duas das principais características do Jornalismo. Confira os principais trechos da entrevista:

Diário – Por que deixar o jornalismo e ingressar na política?
Rosana Vale -  Cumpri 25 anos de carreira com muita paixão. Sempre acreditei na minha vocação de jornalista. Essa profissão me realizou, que fez eu acompanhar de perto a história da região. Mas o Brasil precisa de renovação política. Precisamos nos apropriar de espaços. O Jornalismo é a boa política. É fiscalizador, é a proximidade da população, é a intermediação entre o Poder Público e o povo. É a defesa da população. Então, percebi que estava na hora de assumir uma responsabilidade política, porque só reclamar não adianta. Já cansamos de mostrar o errado. Está na hora de pessoas de bem se apresentarem com coragem.

Diário – Ou seja, você será uma fiscalizadora implacável, até por vocação?
Rosana – Os deputados são interlocutores da população, mas têm que baixar a bola e entender que são servidores públicos. Têm que legislar visando o interesse público. Mas parece que os papéis estão invertidos. Acreditam que são autoridades. Vivem num mundo paralelo. Parece que o que acontece no dia-a-dia não atinge o parlamento. Há uma distância muito grande entre a lei e a realidade. Assisto votações de projetos absurdos. Que país eles (deputados) pensam que estão?   

Diário – Dá um exemplo?
Rosana – A lei de inclusão foi aprovada em Brasília e no papel ela é perfeita. No entanto, a rotina nos mostra professores exaustos por classes superlotadas, escolas inacessíveis e sem professores especializados para atender crianças especiais. A mãe é obrigada a ficar o tempo todo junto da criança. Onde está o aporte necessário?

Diário – As reportagens regionais te ajudarão na empreitada?
Rosana – Fiz o caminho certo. Estou ouvindo as propostas das pessoas, de especialistas, para poder arregaçar as mangas e trabalhar quando estiver em Brasília. Lembra o que ocorreu na Beneficência Portuguesa, onde as pessoas pensavam que estavam recebendo tratamento de radioterapia e não estavam? Pois bem. É necessária uma lei que obrigue que os equipamentos possuam um selo visível com data de fabricação, prazo de validade e data da última manutenção. Assim, o paciente mesmo pode fiscalizar. Mortes seriam evitadas.

Diário – Você está preparada para ser vidraça?
Rosana – Estou encarando esse desafio como uma missão. A vida é tão curta, que a gente precisa deixar uma boa história para nossos filhos. Preciso trabalhar para a região tenha mais orgulho de mim. Vou trabalhar da mesma forma que trabalhei como jornalista, com coragem e dignidade.

Diário – É preciso mais mulheres na Câmara?
Rosana – Estamos abrindo espaços. A maioria dos eleitores é mulher e somos apenas 10% no Congresso. Já está provado que somos mais sensíveis e menos envolvidas em corrupção. Ainda não estamos em igualdade. Recebemos menos, ocupamos menos cargos de chefia, enfim. Precisamos quebrar esses tabus. A cota partidária é 30% mulheres e 70% homens. Deveria ser 50% para cada. Mas estamos avançando, pois já há decisão que o fundo eleitoral tem que respeitar a percentagem da cota (30/70%), o que não ocorria. Os homens usavam 95% da verba e as mulheres 5%.

Diário – Igualdade, para você, reflete em tudo?
Rosana – Sim. Estamos falando de igualdade de direitos.

Diário – Acredita na ponte prometida pelo governador Márcio França?
Rosana – Sim e espero que ela chegue. Eu acompanho esse questão por muitos anos. Até maquete já foi inaugurada. A região precisa se desenvolver. Precisamos de aeroporto. Precisamos agir para que as coisas ocorram.

Diário – Como você avalia a reforma trabalhista?
Rosana – Teve alguns avanços, mas também muitos problemas. Permitir que grávidas trabalhem em lugares insalubres é uma questão que precisa ser revista. Permitir parcelamento de férias também. Precisamos revisá-la.

Diário – É preciso investir mais em Saúde e Educação?
Rosana – Verba parlamentar para a saúde não significa muita coisa. Estamos combatendo a doença. Verbas têm que ser destinadas para projetos de educação, de assistência social, esportes para que, lá na frente, todos eles acabem minimizando os problemas na área da saúde. Investimento em saneamento básico, por exemplo, é fundamental para a garantir a saúde.

Diário – Você acredita que o Brasil tenha jeito?
Rosana – Tem. Temos gente boa e bons projetos. Tem muita coisa que está dando certo no País. Precisamos apenas achar os caminhos, começando pela política. Em Brasília é que as leis acontecem e que são estabelecidas políticas públicas para melhorar a vida dos brasileiros. Eu nunca quis ser política, mas sobrou para todo mundo. Só tem uma saída: ou a gente muda este país ou muda de país. Eu escolhi colaborar com a mudança.