Grupo Libra protocola pedido de recuperação judicial

A medida visa reestruturar uma dívida de R$ 1,8 bilhão e, de acordo com a empresa, protege suas operações e mantém a capacidade de geração de caixa

27 JUL 2018 • POR • 08h00
A Libra culpou a crise econômica e o aumento da movimentação de contêineres em Santos e no Rio - Luiz Torres/Arquivo DL

A notícia caiu como uma bomba dentro do setor portuário do Brasil. O Grupo Libra entrou com um pedido de recuperação judicial, na quarta-feira. A medida visa reestruturar uma dívida de R$ 1,8 bilhão e, de acordo com a empresa, protege suas operações e mantém a  capacidade de geração de caixa enquanto renegocia seus compromissos com credores. A Libraport, de Campinas, ficou fora do pedido.  

Os termos da recuperação garantem a continuidade da operação dos terminais portuários em Santos e no Rio de Janeiro, que seguem atendendo armadores e clientes e mantendo em dia o pagamento de seus custos operacionais. A recuperação judicial dá à Libra a oportunidade de repactuar suas obrigações em prazos, taxas e condições compatíveis com sua realidade financeira. Ela tem 60 dias para apresentar aos credores um plano de recuperação.

De acordo com a Libra, a crise econômica do país, a partir de 2014, coincidiu com o aumento da oferta de capacidade de movimentação de contêineres em Santos e no Rio de Janeiro, o que pressionou as margens de arrendatários de terminais públicos, como as da Libra. No ano passado foram vendidos o Aeroporto de Cabo Frio e a Companhia de Navegação da Amazônia (CNA). O Instituto de Desenvolvimento Gerencial, da Falconi Consultoria, foi contratado para implementar um programa de eficiência operacional.

Negociações de outros ativos estavam bastante avançadas quando o Grupo foi envolvido, em março deste ano, em uma investigação da Polícia Federal. O Grupo declarou que a exposição na mídia deste inquérito contaminou a análise empreendida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o contrato de arrendamento no Porto de Santos.

Esses dois episódios teriam criado entraves às negociações, prejudicando a evolução do plano de reestruturação aprovado no início de 2017, impactando o cronograma de pagamento das dívidas bancárias. Em decorrência disto, o Grupo Libra, antevendo a possibilidade de problemas de liquidez, decidiu pela recuperação judicial.  

A empresa garante que as operações do Grupo Libra são sólidas e sua geração de caixa é robusta. Nos últimos 18 meses, foram recontratadas 500 profissionais para atender a retomada do volume de das operações portuárias.

O EBITDA consolidado da companhia é positivo e as perspectivas de mercado, no médio e longo prazo, indicam uma melhora crescente novo lume de operações. Equacionado seu problema de liquidez, a empresa recuperará seu potencial de geração de valor para credores, clientes, colaboradores.

Arbitragem

A Codesp cobra do Grupo Libra uma dívida de R$ 1 bilhão. A solução para esse impasse deve acontecer no segundo semestre de 2019.