Empréstimos para férias: é preciso cuidado para não se enforcar

O economista Hamilton Marques diz que esse crescimento demonstra o quanto carecemos de educação financeira e faz um alerta: pegar dinheiro emprestado para férias ou viagens de lazer é loucura.

22 JUL 2018 • POR • 12h35
O levantamento mensal realizado pela Lendico constatou um aumento de 24% no número de pedidos de empréstimo em relação a maio. - Divulgação

O mês de junho antecede as férias escolares e o período de recesso em diversos setores, e muita gente usa esta época do ano para viajar, o que impulsionou os pedidos de empréstimo para este tipo de custo na fintech de crédito Lendico. A empresa registrou 47% de aumento no número de pedidos de crédito para viagem e férias em relação a maio.

Por mês a Lendico recebe mais de 160 mil pedidos de empréstimo, tendo sido o empréstimo para viagens um dos motivos que mais teve alta no número de solicitações em relação ao ano passado. Foram 124% mais pedidos recebidos em junho deste ano para este motivo do que no mesmo período de 2017.

O economista Hamilton Marques diz que esse crescimento demonstra o quanto carecemos de educação financeira e faz um alerta: pegar dinheiro emprestado para férias ou viagens de lazer é loucura. “Os spreads bancários (diferença de quanto os bancos pagam para captar recursos e o quanto cobram para emprestar) são altos e os empréstimos devem ser tomados somente em casos emergenciais”, destaca.

De acordo com o especialista, o ideal é que as despesas com férias ou viagens sejam orçadas ou previstas com antecedência de doze ou mais meses. “Se a família pretende viajar para determinado lugar deve analisar os respectivos preços, lembrando que daqui doze meses teremos pelo menos a variação da inflação. Também, tente ver quanto pretende gastar com alimentação e demais gastos da viagem. Coloque tudo em uma planilha por categoria de gastos, como hotel, alimentação, taxi, e demais custos. 
Verifique o valor total, e acrescente 10% como margem de segurança. Deste valor total, divida por 12 (ou por outro número), para saber quanto você precisa economizar mensalmente”, aponta.

Uma das dicas do economista é criar um ‘Fundo Viagem’, oque nada mais é do que uma aplicação mensal exclusivamente para o projeto férias. 

“Se o valor dos depósitos mensais necessários para o projeto for elevado é sinal que você deverá mudar alguma coisa, ou escolher um destino mais barato”, conta.

Dicas na hora de pegar dinheiro

Se não tem outro jeito, a não ser pedir dinheiro emprestado, procure mais de um banco e pergunte ao gerente sobre qual a taxa do Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo para pessoa física em X parcelas que é a quantidade de vezes que você quer saldar o empréstimo.

“Se perguntar apenas sobre a taxa de juros, você terá uma informação incompleta. O Custo efetivo total (CET) representa a taxa de juros mais todos os valores cobrados pelos bancos, como taxa de abertura de cadastro, seguros, tarifas, tributos etc”, complementa.

Funciona assim: a taxa de juros mensal de um determinado banco é de R$ 2,00 ao mês, porém o que você vai pagar é o CET, por exemplo, de 2,50% ao mês. Então a pergunta básica a fazer para os funcionários do atendimento dos bancos é ‘qual o Custo Efetivo Total por mês.   Com esta informação, pesquise em outros bancos, qual deles tem um CET mais baixo.

O economista dá outras dicas importantes. “Supondo que você tem o CET de 2,21% ao mês. Basta procurar na internet por uma ‘calculadora do Cidadão Financiamento Prestações Fixas BACEN’ e preencher os campos da tela. No campo ‘taxa de juros mensal’, coloque a taxa mensal do CET, e saiba, qual será o valor da prestação, entre outros dados. Desta forma, quando você for contratar o empréstimo, terá dados antecipados (pode ter pequena diferença dependendo do valor da entrada, mas isto não importa neste momento) para decidir com calma, pelo valor a ser emprestado e a quantidade de meses ideal, para que a prestação caiba no orçamento mensal”, pontua.

Aumento do número total de pedidos 

O levantamento mensal realizado pela Lendico constatou um aumento de 24% no número total de pedidos de empréstimo em relação a maio. Entre os motivos para o pedido de crédito, o empréstimo para pagamento de dívida continua sendo o grande destaque, representando 27% das solicitações. 

Depois do pagamento de dívida, os motivos mais comuns de pedidos de empréstimo foram novos negócios (16,3%); compra de mobília, reforma e/ou mudança (11,4%); e investir na própria empresa (11,3%).

Hamilton Marques acrescenta que o empréstimo bancário é o típico da nossa cultura de agir na emoção, resultando em graves “apertos” financeiros no pós-viagem. “Devemos aprender a fazer algum planejamento para as férias e, o principal: evitar dívidas”, finaliza.