Cinco pessoas são achadas mortas e amarradas em hotel

Os corpos das cinco vítimas foram encontrados em diferentes quartos e andares do apart-hotel. Num dos cômodos foi inscrita a sigla "PCC" (Primeiro Comando da Capital) na parede.

8 JUL 2018 • POR • 00h25
Apart-hotel em Canasvieiras, Florianópolis, onde ocorreu o crime. - Facebook/AB Notícia

Cinco pessoas foram encontradas mortas e amarradas nesta sexta-feira (6) em um hotel em Canasvieiras, um bairro turístico no norte de Florianópolis. Quatro delas eram da mesma família, proprietária do hotel.

Segundo o Comando Regional da Polícia Militar de Florianópolis, seis pessoas foram feitas reféns por três invasores armados por volta das 16h de quinta (5) no hotel Daytona Beach Residence. Uma funcionária conseguiu fugir e avisar a polícia, que chegou ao endereço por volta da meia-noite.

Os corpos das cinco vítimas foram encontrados em diferentes quartos e andares do apart-hotel. Num dos cômodos foi inscrita a sigla "PCC" (Primeiro Comando da Capital) na parede. Para a polícia, entretanto, a inscrição pode indicar uma tentativa de tirar o foco da autoria do crime.

"Não é o perfil da facção criminosa. Não é o modus operandi", diz o tenente-coronel e comandante regional Marcelo Pontes. Os invasores estavam armados, mas não houve registro de disparo de arma de fogo nem foi encontrado sangue no local.

De acordo com a polícia, as vítimas foram mortas por asfixia. Também foram encontrados vestígios de gasolina nos corpos.
Segundo Pontes, a polícia investiga se o crime foi um acerto de contas. Observando o perfil das vítimas, o tenente-coronel afirmou à Folha que a família tinha histórico de estelionato e dívida. Há passagens por apropriação indébita e injúria, por exemplo.

As vítimas foram identificadas como Paulo Gaspar Lemos, 78, seus três filhos, Paulo Gaspar Lemos Junior, 51, Katya Gaspar Lemos, 50 e Leandro Gaspar Lemos, 44, e Ricardo Lora, 39 - este era funcionário do hotel, sem passagens.

Ainda segundo o tenente-coronel, a família Lemos é de São Paulo, mas se mudou para Santa Catarina há, no mínimo, dez anos. Eles eram os proprietários do Daytona Beach Residence.

A área do hotel foi isolada. Equipes da Polícia Civil, do Instituto Geral de Perícias e da unidade de Homicídios estão trabalhando no local.

Não foram identificados os autores do crime até a manhã desta sexta-feira (6).

Em janeiro, um ataque a tiros em Canasvieiras deixou um morto e três feridos.

Capital com o melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, destino turístico e polo de inovação tecnológica, Florianópolis é conhecida como "ilha da magia". Passa, no entanto, por um crescimento da violência.

Em 2017 a cidade viveu uma explosão de crimes, com o recorde de mortes violentas. Em 2002, a cidade teve apenas 8 crimes violentos, contra 127 até setembro de 2017.

Duas tramas se desenrolam no estado. Por um lado, a disputa entre duas facções, o PGC (Primeiro Grupo Catarinense) e o paulista PCC (Primeiro Comando da Capital). Por outro, o "revide" de facções por situações que consideram "injustas" dentro do sistema prisional e de repressão nas ruas.