Márcio França inicia reforma de teatros em escolas

O governador autorizou a imediata reforma de 100 teatros e anfiteatros de escolas públicas de São Paulo

5 JUL 2018 • POR • 08h30
As verbas foram liberadas e as obras deverão ser entregues até o final deste ano - Divulgação/Governo do Estado

Uma iniciativa importante para a classe artística de todo o Estado de São Paulo, principalmente para educadores que lecionam teatro nas escolas. Na última terça-feira (3), o governador Márcio França (PSB) autorizou a imediata reforma de 100 teatros e anfiteatros de escolas públicas de São Paulo. As verbas foram liberadas e as obras deverão ser entregues até o final deste ano.

A Secretaria de Estado da Educação possui cinco mil prédios – tanto administrativos como educacionais. Desse montante, 800 escolas possuem equipamentos teatrais em seu interior. A maioria está inativa por conta, muitas vezes, de pequenos reparos.

Segundo informações obtidas ontem pelo Diário, os 100 equipamentos que serão reformados estão localizados em áreas periféricas das cidades. A proposta é que os equipamentos voltem à ativa proporcionando atividades culturais nos finais de semana e feriados, num amplo trabalho social.
 
É lei

Vale a pena lembrar que, em 3 de maio de 2016, foi publicada a Lei 13.278/2016, uma antiga reivindicação dos profissionais da arte e da educação. Sancionada pela presidente Dilma Roussef dez dias antes de ser afastada, a lei determina como obrigatória a inserção das quatro linguagens: artes visuais, dança, música e teatro nos currículos dos diversos níveis da educação básica brasileira.

A norma altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB — Lei 9.394/1996) e firma o prazo de cinco anos para que seja promovida a formação necessária dos professores, além de colocar em prática as quatro linguagens no ensino infantil, fundamental e médio.  

Para a jornalista, psicopedagoga, especialista em Teatro Brasileiro, Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Vanessa Ratton, a iniciativa de França foi acertada, mas não adianta ter os teatros nas escolas se não houver o aperfeiçoamento dos professores. A escola deve propiciar espaço para oficinas de teatro, música, dança e artes visuais (fotografia, cinema e artes plásticas) e ensaio. “Depois os alunos podem se apresentar para outros alunos, para os pais e para toda a comunidade. Ocorre que nem todo professor de Educação Artística, por exemplo, é especializado em Música, Dança. Teatro ou Artes Plásticas, ou tenha prática como artista, ela faz a formação na faculdade e para. Por isso é importante, levar arte-educadores para dentro da escola, preparando os professores e alunos”, explica.

Para ela, a educação traz conhecimento e a arte transforma as pessoas. Ambas devem caminhar juntas. “A arte e a educação tem papel fundamental na formação social de um indivíduo, o torna mais crítico e reflexivo, além disso, mexe com os sentimentos e contribui para sensibilizar, por isso a utilização dela pelo professor de maneira criativa levaria os alunos a se interessarem mais e aumentar o rendimento escolar”, explica.

Vanessa, que também é poeta e autora de teatro e literatura infanto-juvenil, afirma que já ministrou aulas de teatro aplicado à educação para professores, atividade que não restringe apenas a montagem de uma peça de teatro, mas ao uso do teatro como ferramenta, instrumento de aprendizado. “A experiência estética da arte forma o gosto, a imaginação, a criatividade, a observação, o raciocínio, melhora a comunicação (expressão oral e corporal). Por tudo isso, o Plano Curricular Nacional (PCN) da Educação introduziu a disciplina de artes nas escolas como obrigatórias”, ­finaliza.