Recém-nascida morreu por traumatismo craniano no Gonzaga, diz Polícia Civil

O bebê foi jogado do sexto andar em duto para lixeira de condomínio na Rua Bahia, de acordo com a investigação

29 JUN 2018 • POR • 20h09
Local para dispensa de lixo onde o bebê foi atirado - Divulgação/Polícia Civil

A recém-nascida encontrada em um contentor de lixo em frente a um condomínio na Rua Bahia, no Gonzaga, fora atirada viva pela mãe do sexto andar, em um duto para lixeira, e faleceu em decorrência de traumatismo craniano, segundo a Polícia Civil. Antes do falecimento, o bebê ainda sofreu tentativa de asfixia no apartamento, apontou a polícia. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (29) pelo delegado Renato Mazagão Júnior, que preside as investigações.

Informações da direção do Instituto Médico-Legal (IML) passadas ao delegado ainda na quinta-feira (28), data de encontro do corpo, foram decisivas para o esclarecimento da dinâmica do crime.

Ana Carolina Moraes da Silva, de 29 anos, mãe da criança, foi presa na quinta-feira, horas após o crime ser descoberto, por homicídio e por ocultação de cadáver. Ela teve a prisão em flagrante convertida em preventiva em uma audiência de custódia nesta sexta (29) no Fórum de Santos. Ela nega o homicídio e diz que pensou ter sofrido um aborto espontâneo.

Autuado pelo crime de favorecimento pessoal, por ser acusado pela polícia de auxiliar na fuga de Ana Carolina para Praia Grande, o pai do bebê e ex-namorado dela, também de 29 anos, chegou a ser preso em flagrante e como não pagou fiança, estipulada em R$ 100 mil, foi recolhido ao cárcere.

Nesta sexta, ele foi solto após audiência de custódia mediante medidas cautelares. O Ministério Público Estadual (MPE) também se manifestou favorável a liberação dele, segundo informou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).  O homem é dono de uma hamburgueria situada na Rua Tolentino Filgueiras, perto do condomínio. Apesar da relação desfeita com Ana Carolina, ele continuava morando com Ana Carolina no apartamento. Eles têm uma filha de 3 anos, que morava com ambos.

Lenço umedecido

Conforme revelaram em entrevista coletiva o delegado Mazagão Júnior, titular do Setor de Homicídios da Delegacia Especializada Antissequestro (Deas) de Santos e o investigador-chefe da unidade, Marcelo Canuto, o encontro de um lenço de umedecido em meio aos sacos plásticos, toalha e fronha onde estava o corpo do bebê direcionou já na manhã de quinta-feira a investigação para o condomínio de classe média alta.

"Por isso não acreditávamos que se tratava de um feto de um morador de rua. Por isso nós conduzimos a investigação para aquele edifício desde o início", afirmou Marcelo Canuto.

Os policiais também apreenderam um recibo de compra de um pacote de fraldas que foi feito pelo pai do bebê no dia 27, manchado de sangue, o que possibilitou a identificação dele na drogaria onde fora feita a compra. Na tarde de quinta, próximo ao condomínio, ele foi abordado pelos investigadores e inicialmente disse que "não sabia de nada", segundo Mazagão Júnior

O comerciante, ainda segundo o delegado, depois disse achava que o bebê podia ser da ex-namorada porque ela teve uma hemorragia anteriormente. Após cair em contradição, ainda segundo o delegado, o homem admitiu que a ex-namorada foi para Praia Grande e que ele pediu um carro de aplicativo para ela. Ele nega que tenha presenciado a morte da recém-nascida. Por volta das 16h30 de quinta, os policiais detiveram Ana Carolina em um apartamento de veraneio no Ocian, em Praia Grande. Ela estava com a filha de três anos no local.

"Em um primeiro momento não tem prova que ele (comerciante) participou", disse Mazagão Júnior.

"As investigações vão continuar para estabelecer quem estava no apartamento e à medida do  que for apurado pode se agravar a situação dele", declarou o delegado.

Outro lado

O Diário do Litoral tentou obter junto à Polícia Civil e ao TJ-SP o nome da advogada que representa o casal para procurá-la, mas não recebeu a informação das duas instituições.

Acusada enviou mensagem dizendo que não tinha condições de sustentar 'mais uma boca'

O delegado Renato Mazagão Júnior e o investigador Marcelo Canuto informaram que em uma conversa pelo aplicativo WhatsApp Ana Carolina fala, após o crime, para o ex-companheiro que eles estavam passando por situação financeira ruim e que "não tinha condições de mais uma boca".

Já o comerciante, segundo os policiais civis, chegou a escrever "vaza", "vai para Ribeirão Preto", "fica lá um mês". Ambos moravam naquela cidade do interior paulista antes de se mudarem para Santos.

"Ele até fala um se livra disso", de acordo com Mazagão Júnior.

Os policiais aguardam a conclusão de laudos do Instituto Médico-Legal (IML) para identificarem o horário aproximado da morte. "A partir do horário aproximado que o médico estipular, a gente vai ver quem estava em casa e quem não estava", disse o delegado.

O Setor de Homicídios ainda apura se a mãe tentou furar o pescoço da filha, devido a ferimentos que podem ser compatíveis com objeto pontiagudo. Lixas de metal pontiagudas foram apreendidas no apartamento.