Do singular para o coletivo: qual o papel da arte?

Expressar na arte as indagações do mundo que nos rodeia: essa é a proposta do Grupo de investigação cênico-poético-racial Coletivo Negro

18 JUN 2018 • POR • 09h48
O ator e diretor, Jefferson Matias - Alícia Peres

No dicionário, a palavra ‘Cultura’ significa complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.

Expressar na arte as indagações do mundo que nos rodeia: essa é a proposta do Grupo de investigação cênico-poético-racial Coletivo Negro, que participou, neste sábado da Roda de Conversa sobre a temática ‘Singularidades’, que norteia a 22ª edição do FESCETE – Festival de Cenas Teatrais 2018. 

Para o ator e diretor Jefferson Matias, o grupo surgiu justamente da vontade de suprir a carência de trabalhos poéticos a favor da temática negra. “Queríamos dialogar, a partir do nosso tempo, sobre o que aconteceu com as famílias negras durante o processo de desenvolvimento social onde muitos ascenderam enquanto para outros esse direito foi negado”, conta.

Na visão do ator, dramaturgo e diretor Jé Oliveira, no grupo a negritude é a unidade que aproxima pessoas de diferentes orientações sexuais e posicionamentos sociais. “Tivemos avanços pequenos, mas significativos. Sabemos que na política – com menos de 5% dos representantes afrodescendentes - e até mesmo na arte ainda temos muito a avançar, mas estamos caminhando”, destaca.

Outra mesa redonda – agendada para o dia 20, às 15h no Teatro Guarany – acontecerá com a fundadora do ‘MONART’ - Movimento Nacional de Artistas Trans e do “Coletivo T” - Coletivo Artístico de Artistas Trans em SP, Renata Carvalho e o ator e cantor Vinicius Silvino, que faz de seu trabalho ressonância de vozes das pessoas LGBTQI e das pessoas vivendo com HIV/Aids.

Para Silvino, participar do ciclo de conversas com a atriz Renata Carvalho é um presente. “Aprendi com ela que a representatividade é muito importante e acredito que o festival vem com um tema muito feliz e necessário, na contramão dessa onda conservadora que vivemos. A repressão à arte é o contrário da singularidade”, aponta.

Para Renata, que atualmente está em cartaz com ‘O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu’, a mesa vai falar de corpos dissidentes e representatividade nas artes. “As expressões estão interligadas e convido todos os artistas cisgêneros para conversar sobre o entendimento de que a representatividade é o ato desse corpo travesti que é criminalizado e sexualizado estar presente”, afirma.

Festival

Idealizado pelo TESCOM Promoções Artísticas e Culturais, o FESCETE é realizado em parceria com a Prefeitura Municipal de Santos/Secretaria de Cultura e conta com o patrocínio da Codesp.

Os números são notórios na trajetória do evento ao longo destes 21 anos: cerca de 190 mil espectadores, mais de 1500 apresentações artísticas com cenas e espetáculos em mostras competitivas e convidadas. Somente na última edição, foram mais de 80 ações. Durante seu histórico, gerações de artistas despontaram no evento.