‘Estado tem que garantir a proteção social’

A autora da frase é a pré-candidata a deputada estadual pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B), Carina Vitral

9 ABR 2018 • POR • 08h59
Carina Vitral é pré-candidata a deputada estadual pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) - Rodrigo Montaldi/DL

Pré-candidata a deputada estadual pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B), a ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, segunda colocada na disputa pela Prefeitura de Santos, em 2016, ao receber pouco mais 14 mil votos, é autora da frase, ­referindo-se às falhas de mais de 20 anos do governo do PSDB. Confira alguns trechos da ­entrevista:    

Diário – O que está te incentivando?
Carina Vitral – Nas última eleições, conseguimos uma posição política em Santos. Foi importante o debate ocorrido ­porque, se não fosse a nossa candidatura, talvez não ocorreria o contraponto de projeto de cidade, de visão social. Avisamos sobre os problemas que estavam por vir. Hoje, existe um sentimento de que muita coisa prometida não foi cumprida. 

Diário – Alguns exemplos.
Carina Vitral – O estado total de abandono tanto da orla como a Zona Noroeste. Obras inacabadas, ausência do chefe do Executivo. A falta de zeladoria é outro por exemplo. De 2016 para cá, a Cidade já fez sua reflexão que os problemas que levantávamos estão ocorrendo. 

Diário – Sua idade atrapalhou?
Carina Vitral – Muita gente me dizia que, para prefeita, eu era muita nova, mas para deputada votaria em mim. Então, acho que de alguma forma, foi um sinal ­considerável.

Diário – O parlamento te seduz?
Carina Vitral – As duas funções – Executivo e Legislativo – são muito importantes e complementares. O primeiro tem um poder enorme de mudar a vida das pessoas. No parlamento, você propõe leis e fiscaliza. Também participa de bons debates políticos. No entanto, digo sempre que a vida acontece na cidade.

Diário – A Baixada está bem representada?
Carina Vitral – Não. Temos uma região muito importante econômica e socialmente mas, numericamente e qualitativamente é sub-representada. O Caio França tem uma atuação importante, temos o Paulo Correa, que de alguma forma dialoga com a região e o Cássio Navarro. Mas a Baixada já teve grandes deputados e deputadas. Há um espaço vazio que precisa ser preenchido e a região precisa ser fortalecida, pois significa comprometimento com as pautas locais e busca pelos nossos interesses junto ao Estado. 

Diário – É um momento político importante?
Carina Vitral – É um ciclo que acaba, principalmente em nível estadual, do governo Geraldo Alckmin. Vamos decidir qual o projeto que queremos. Vai ser uma eleição estadual muito polarizada. O João Dória virá com um discurso bem conservador, bem à direita, e a gente precisa se posicionar no meio desta conjuntura. Os deputados estaduais terão um papel fundamental nessa virada política, depois de tanto tempo na mão do PSDB.

Diário – O PC do B vai apoiar Márcio França (PSB)?
Carina Vitral – Estamos debatendo com filiados e militantes. Ainda não temos uma decisão. O que estamos refletindo é a sobre a necessidade de unir forças. Estamos dialogando com diversos partidos de centro-esquerda e esquerda para combater o PSDB que, na nossa opinião, é a força política responsável por tanto descaso. França a gente está vendo com bons olhos porque, historicamente, vem da esquerda e fez um governo importante em São Vicente, principalmente para a juventude. 

Diário – Mas ele fechou com vários partidos, inclusive com o Podemos, que é de direita?
Carina Vitral – Estamos também dialogando com o Marinho (Luiz Marinho – PT) por conta da aliança histórica com o PT em São Paulo. O Marinho fez um governo importante como prefeito de São Bernardo do Campo. Mas existem outros atores. Mas, para a Baixada Santista, em especial, a candidatura do Márcio tem um impacto a se considerar.

Diário – Você tem um segmento a buscar?
Carina Vitral – A Educação, até por ter presidido a UNE. Os índices são sofríveis no Estado. Tivemos tentativa de sucateamento dos escolas e até fechamento de algumas. Eu participei da ocupação para impedir. Tivemos superfaturamento da merenda. Eu dormi na Assembleia para garantir as investigações. O Dória é a continuidade disso tudo. Ele é o herdeiro político. Ele enfrentou uma greve histórica na Educação e agiu com truculência contra os professores, assim como o Alckmin. Quem não se lembra da ‘farinata’ (ração humana para os estudantes) e a marcação na mão das crianças para que a merenda não fosse repetida? 

Diário – Tem outros segmentos?
Carina Vitral – Precisamos reforçar a posição feminina. As mulheres, cada vez mais, estão ocupando seus espaços. Temos a deputada Lecy Brandão e precisamos de uma representante regional. Não podemos esquecer a nossa pré-candidata à Presidência, Manuela d´Ávila.        A pauta do desenvolvimento econômico e do emprego também me estimulam, assim como a questão portuária. Mas não vou esquecer as questões locais, relacionadas ao transporte público, moradia, infraestrutura urbana, enfim. Mas o emprego, sem dúvida, precisa de atenção especial e precisamos de políticas públicas e planejamento para estimulá-lo e, de forma sustentável.    

Diário – Você pretende dobrar com a ­pré-candidata Telma de Souza (PT)?
Carina Vitral – Minha história com a Telma é longa. Meu primeiro voto foi dela aos 16 anos. Ele sempre foi uma referência importante. Nos aproximamos politicamente em 2016 e fizemos uma boa parceria. Juntamos experiência e renovação. Precisamos fortalecer a Câmara e na Assembleia com representantes de esquerda.