Bolsonaro diz que Exército tem papel claro na crise política, como em 1964

O deputado caminhava dos protestos anti-Lula em Brasília até a Câmara quando a reportagem o interpelou sobre a fala do comandante do Exército

4 ABR 2018 • POR • 22h00
O deputado já havia manifestado sua simpatia ao comandante - Bruno Spada/Tripé Imagem

Para o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o Exército tem um papel claro na atual crise política brasileira: o de ser "instrumento da vontade de seu povo", como o teria sido "em 1964".

O deputado caminhava dos protestos anti-Lula em Brasília até a Câmara quando a reportagem o interpelou sobre a fala do comandante do Exército. Na véspera, o general Eduardo Villas Bôas tuitou que a instituição sob sua liderança zela por suas "missões institucionais" e repudia "a impunidade".

Como não especificou o que queria dizer com aquilo, choveram interpretações de que ele apoiaria uma intervenção militar caso o STF (Supremo Tribunal Federal) conceda habeas corpus ao ex-presidente Lula, condenado a 12 anos de prisão.

"O Exército nunca foi intruso na política. Ele sempre foi instrumento da vontade de seu povo. Assim, o Exército vai agir de qualquer maneira. Nós fomos sempre responsáveis pela democracia e pela liberdade. Assim foi em 1964, assim foi em 2016 -vocês não sabem a história ainda- e assim vai ser no dia de hoje e sempre, se Deus quiser", afirmou Bolsonaro.

O pré-candidato à Presidência -que só perde para Lula nas pesquisas de intenção de voto- disse ainda que a opinião de Villas Bôas "está perfeitamente sintonizado com a população brasileira".

"Ele quer que a lei seja cumprida, e ninguém melhor que o próprio STF para dar este exemplo a todos nós. Se o Supremo não entender desta maneira, nós podemos mergulhar o Brasil num caos. É isso que ele quis dizer."

O deputado já havia manifestado sua simpatia ao comandante. "Com orgulho: 'Estamos juntos general Villas Boas'", escreveu na manhã desta quarta-feira (4).

Ele continuou sua caminhada acompanhado do ator Alexandre Frota, que disputará a Câmara por seu partido, e o general Augusto Heleno, ex-comandante das tropas brasileiras no Haiti e nome ventilado por Bolsonaro para assumir o Ministério da Defesa numa eventual vitória sua.

Alexandre Frota

Mais cedo, na fala de Bolsonaro no protesto anti-Lula na Esplanada, Alexandre Frota atuou como uma espécie de assessor político.

Durante discurso inicial, Frota soprou mais de uma vez palavras para que fossem citadas pelo pré-candidato presidencial. Num dos momentos, por exemplo, lembrou Bolsonaro de fazer um agradecimento às mulheres.

Frota também elogiou a declaração do general Villas Bôas, bem-vinda num país "cheio de viadinhos". "O Brasil precisa de homem. Tem muito viadinho nesta porra de Brasil, tudo é encheção de saco", afirmou.

Perguntado pela reportagem, Frota disse que não pretende trabalhar na campanha de Bolsonaro e que não pensa em se tornar ministro caso o pré-candidato à presidência seja eleito. "Vou trabalhar na minha campanha para deputado federal", disse.