Bolsonaro desaparece da Câmara e é um dos mais faltosos

A taxa de ausência do deputado em dias com sessões de presença obrigatória quadruplicou em 2017, quando também caíram pela metade as proposições de sua autoria em relação a 2016.

31 MAR 2018 • POR • 10h35
Pelo menos metade das ausências de Bolsonaro ocorreram em dias que o deputado destacava suas credenciais para a disputa de 2018 - Fotos Públicas/Divulgação

A intensa agenda de viagens do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) dentro e fora do país para participar de eventos em que fala como pré-candidato à Presidência já teve impacto em seu trabalho na Câmara.

A taxa de ausência do deputado em dias com sessões de presença obrigatória quadruplicou em 2017, quando também caíram pela metade as proposições de sua autoria em relação a 2016.

Um levantamento feito pela Folha de S.Paulo sobre a presença de presidenciáveis com mandato legislativo -Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), os senadores Álvaro Dias (Podemos) e Fernando Collor (PTC) e a deputada estadual Manuela D'Ávila (PC do B)- mostra que Bolsonaro foi o que mais teve ausências não justificadas em dias com sessões deliberativas nas respectivas casas em 2017.

Dos 119 dias com sessão de presença obrigatória no ano passado, que majoritariamente se concentram entre as terças e quintas-feiras, Bolsonaro faltou 16 sem justificar -13,5% do total, segundo dados da Câmara.

Álvaro Dias, Collor e D'Ávila tiveram ausências não justificadas em 2 dias, o que representou 1,8% do total no Senado e 1,6% na Assembleia gaúcha. Presidente da Câmara desde julho de 2016, Maia não teve ausências não justificadas em 2016 e 2017.

Em 2016, Bolsonaro faltou menos do que Collor e, em 2015, menos que Maia.

Entre os 412 deputados que cumprem o mandato integralmente desde 2015, início da legislatura, Bolsonaro também subiu, no último ano, posições entre os que mais faltam: da 123ª em 2016 para a 24º em 2017.

Pelo menos metade das ausências de Bolsonaro ocorreram em dias que o deputado destacava suas credenciais para a disputa de 2018 em viagens, como o périplo de uma semana aos Estados Unidos, em outubro, e eventos no Piauí, Rio Grande do Sul, na Paraíba e em Minas Gerais.

No começo de abril, por exemplo, enquanto o deputado discursava em Teresina que chegar ao poder não era "sua obsessão", mas "uma missão de Deus", deputados discutiam no plenário a lei complementar de socorro a estados em dificuldade financeira, como o Rio, do qual Bolsonaro é representante.

Nas comissões em que é membro titular, o deputado participou ainda menos em 2017. Apesar de a presença não ser obrigatória nessas sessões, Bolsonaro esteve ausente, sem justificativa, em 70% das reuniões da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, área em que manifesta publicamente interesse.