Ato lembra mais de 40 crianças mortas em tiroteios no Rio

A manifestação, que foi realizada nas areias da Praia de Copacabana, coincidiu com o primeiro aniversário da morte de Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, que foi atingida por uma bala perdida dentro de sua escola, em Acari.

30 MAR 2018 • POR • 20h45
Protesto na Praia de Copacabana lembra morte há um ano da menina Maria Eduarda, e de outras 46 crianças vítimas da violência - Fernando Frazão/Agência Brasil

Um ato promovido pela organização não governamental Rio de Paz fez hoje (30) uma homenagem a 47 crianças até 14 anos que morreram em tiroteios no estado do Rio de Janeiro, de 2007 a 2018. A manifestação, que foi realizada nas areias da Praia de Copacabana, coincidiu com o primeiro aniversário da morte de Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, que foi atingida por uma bala perdida dentro de sua escola, em Acari.

A menina estava no ginásio da Escola Municipal Daniel Piza, quando foi atingida por tiros disparados por um policial militar, que participava de uma operação na comunidade. Os policiais Fábio de Barros Dias e David Gomes Centeno foram denunciados por homicídio.

O processo corre na 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro e os dois respondem em liberdade, mas precisam comparecer, de tempos em tempos, ao juízo. Segundo a Polícia Militar, por enquanto, os dois estão executando trabalho administrativo, ou seja, não estão fazendo trabalho de patrulhamento ou policiamento de ruas.

“Para mim é como se tivesse sido ontem. Não vou esquecer nunca a Maria Eduarda, meu bebê. Ela estava estudando para ser aeromoça e atleta. É muita saudade. Eu durmo com a Maria Eduarda. Eu levanto com ela falando: 'mamãe, está na hora do colégio'. Minha filha não estava portando fuzil, minha filha não tava no baile dançando, minha filha estava dentro de uma escola. Os policiais chegaram e mataram o sonho da Maria Eduarda”, disse a mãe, Rosilene Alves Ferreira.

A família de Maria Eduarda pede ainda, na Justiça, uma indenização ao Estado. Os parentes também querem apoio psicológico para superar o trauma.

A Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) ofereceu assistência jurídica à família da vítima, junto com a Defensoria Pública do Estado, mas, segundo o governo fluminense, os parentes optaram por utilizar os serviços de um advogado particular. “Na época, a pasta ainda ofereceu assistência jurídica e social aos parentes da vítima, entretanto, não manifestaram interesse. A SEDHMI reforça a disponibilidade em oferecer apoio psicológico, jurídico e social”, diz a nota.