Operação na Rocinha tem sete mortos pela polícia

Moradores relataram à reportagem que policiais atiraram contra um grupo que estava na saída de um baile funk na localidade chamada Roupa Suja.

25 MAR 2018 • POR • 04h05

Ao menos sete pessoas foram mortas na manhã deste sábado (24) pela Polícia Militar na Rocinha, favela da zona sul do Rio. A PM afirma que sete pessoas armadas foram baleadas em confronto com agentes do Batalhão de Choque, socorridas e levadas para o Hospital Miguel Couto, onde já chegaram mortas.

Moradores relataram à reportagem que policiais atiraram contra um grupo que estava na saída de um baile funk na localidade chamada Roupa Suja. Eles afirmam que os agentes atiraram a esmo, embora reconheçam que havia alguns criminosos entre eles.

Esta é a ação policial que resultou no maior número de mortes por policiais desde o início da intervenção federal na segurança pública do estado.

O Batalhão de Choque afirma que foram apreendidos na ação um fuzil, sete pistolas e duas granadas.
Familiares de Matheus da Silva Duarte Oliveira, 19, que não quiseram se identificar, negaram que o rapaz fosse envolvido com a quadrilha da região. Eles mostraram uma foto do jovem com uma perfuração de bala nas costas, indicando como prova de que ele fugia quando foi baleado.

A mãe do rapaz, que pediu para não ter o nome divulgado, disse que Oliveira fazia parte de um grupo de valsa na Rocinha. Ele participou de uma festa na noite de sexta-feira (24), foi para o baile funk, e se mudaria para casa da mãe, na favela de Antares (zona oeste), por um período - ele vivia com a avó.

"Estava vindo levar ele para minha casa para esperar essa poeira da Rocinha passar. Não deu tempo", disse ela, que saiu da Rocinha há quatro anos após ser indenizada pelo Estado pela remoção causada pelas obras inacabadas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

O Centro de Operações da Prefeitura orientou atenção aos motoristas que passarem pela estrada Lagoa-Barra. A via não chegou a ser fechada.