Temer não pode usar a morte de Marielle para justificar intervenção, diz PSOL

Presidente do partido rejeita uso político do assassinato da vereadora pelo governo federal.

19 MAR 2018 • POR • 01h15
Temer convocou ministros para discutir a segurança no Rio após morte de vereadora. - Marcos Corrêa/Presidência da República/Divulgação

O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, criticou a manifestação feita pelo presidente Michel Temer nas redes sociais sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. A parlamentar foi morta junto com seu motorista Anderson Pedro Gomes na noite desta quarta-feira no bairro do Estácio, região central do Rio de Janeiro. “Não vamos aceitar que Temer use esse episódio para justificar a intervenção [federal] no Rio de Janeiro”.

Temer lamentou a morte e disse que foi para evitar situações como esta que o governo federal decidiu intervir na segurança pública fluminense. O Palácio do Planalto determinou que a Polícia Federal participe da investigação para identificar os assassinos de Marielle.

De acordo com Medeiros, Temer e o governador Luiz Fernando Pezão têm “obrigação dar uma resposta” esclarecedora ao que o PSOL entende como um “crime político”. Ele avalia que a morte da parlamentar não fará o partido voltar atrás em críticas à intervenção, vista pelos socialistas como "demagógica" e "autoritária".

A vereadora era crítica da intervenção no Rio e atuava como relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a presença dos militares na capital fluminense. Sexta vereadora mais votada no Rio em 2016, Marielle também vinha criticando a atuação da Polícia Militar nas favelas cariocas.

A vereadora não havia recebido ameaça de morte. “Não tínhamos conhecimento de nenhum tipo de ameaça, senão teríamos tomado providências [de segurança]”, afirma Medeiros.

Em sua conta no Twitter, Temer chamou o crime de "extrema covardia" e afirmou ter pedido ao ministro Raul Jungmann para colocar a Polícia Federal à disposição do general Walter Braga Neto, interventor do Rio de Janeiro. "Esse crime não ficará impune", disse.  Ele chamou o crime de "um atentado ao Estado de Direito e à democracia". 

O emedebista convocou uma reunião com os ministros Moreira Franco Secretaria-Geral), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Sergio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional, para discutir as investigações sobre o caso. 

Jungmann estava em Fortaleza, mas seguiu para o Rio para acompanhar as apurações. 

Torquato Jardim, ministro da Justiça, afirmou que a morte de Marielle "não afeta a intervenção no Rio". Ele defendeu "investigações minuciosas"antes de "levantar hipóteses" sobre os motivos do assassinato.