Santos se une em homenagem à Marielle Franco

A homenagem aconteceu em um ato organizado por movimentos populares e reuniu membros do PSOL, sindicalistas, Educafro, estudantes, e pessoas que se solidarizaram

15 MAR 2018 • POR • 21h11
A manifestação começou às 17 horas e seguiu até o início da noite - Rodrigo Montaldi/DL

Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados na última quarta-feira, no Rio de Janeiro, mas estiveram ‘presentes’ através das vozes que ecoaram na Praça dos Andradas, em Santos, no fim da tarde de hoje (15).

A homenagem aconteceu em um ato organizado por movimentos populares e reuniu membros do PSOL - partido no qual Marielle era filiada e vereadora pelo Rio de Janeiro - sindicalistas, Educafro, estudantes, e pessoas que se solidarizaram com a morte trágica da vereadora e do motorista do carro em que ela estava.

A manifestação começou às 17 horas e seguiu até o início da noite. Os manifestantes foram chegando aos poucos com cartazes e mensagens que destacavam as lutas pelas quais Marielle lutou. Direitos humanos, mulheres, negros, periferia, truculência policial, corrupção, entre outros, apareciam em destaque nos dizeres espalhados pela praça.

Os discursos voltaram-se em torno de uma palavra: união. Entre falas emocionadas, em comum, os militantes pediam para deixar de lado diferenças políticas, opiniões, vivências, e se unissem em luta contra os acontecimentos sombrios que ameaçam a democracia no Brasil e, principalmente, os moradores das periferias. 

Para Débora Camilo, afiliada ao PSOL, a morte de Marielle tem como pano de fundo calar as pessoas que denunciam abusos de qualquer natureza, mas a ação teve efeito contrário.

“Se queriam nos calar, nossa voz ecoa mais. Esse ato em Santos é mais um que se une a todos os outros que estão sendo feitos por todo o país e no mundo”, declarou.

A vereadora Telma de Souza passou pelo ato antes de ir para a sessão na Câmara, onde faria uma homenagem.

“Pedirei um minuto de silêncio em nome de Marielle e continuarei a luta em nome dela e de todas as mulheres que lutam por um país mais justo. Isso que estamos vendo se chama extermínio e nós temos que reagir”, afirmou.

Sonia Maciel represente da APEOESP (Sindicato dos Professores do Estado de SP) disse que agora o momento não é de partidos políticos, mas de seres humanos chocados com o que está acontecendo no país.

Também citou a forma como os professores foram tratados no protesto da última quarta-feira, na Câmara Municipal de São Paulo.

“Será assim, respondendo nas ruas, a melhor forma de homenagear a luta de Marielle contra o genocídio do povo negro, contra a violência policial”, explicava em dizeres o chamado virtual da manifestação.

A atuação de Marielle sempre foi pautada pela luta contra o racismo e a violência policial. Dias antes do assassinato ela tinha denunciado uma truculenta ação da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari.

Além disso, há duas semanas havia assumido relatoria da Comissão da Câmara do Rio criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do estado.

“A morte dela não será em vão”, mostraram em força e tamanho as manifestações em todo o Brasil.