'Cubatão deve gerenciar Estrada Velha', diz Ouvidor

Atualmente, o sítio histórico, arqueológico e ambiental situado nas encostas da Serra do Mar é administrado pela Fundação Florestal

12 FEV 2018 • POR • 09h30
Ouvidor quer a Prefeitura lute pela gestão da Estrada Velha - Rodrigo Montaldi/DL

Uma polêmica quase tão antiga quanto o uso do Caminho do Mar ganha novo fôlego em 2018: após receber centenas de reclamações de munícipes, o Ouvidor Municipal de Cubatão, Dojival Vieira, vai pedir ao prefeito Ademário Oliveira que lute para que a gestão da Estrada Velha pertença definitivamente ao município. Atualmente, o sítio histórico, arqueológico e ambiental situado nas encostas da Serra do Mar é administrado pela Fundação Florestal, órgão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

“É um absurdo os cubatenses não poderem conhecer o espaço que é patrimônio histórico e cultural do município. Quem se arrisca a subir é contido por cancelas e guardas. Esse patrimônio é de Cubatão e o município tem autonomia sobre seu território”, afirma Dojival.

De acordo com ele, a gestão da Estrada Velha por Cubatão possibilitaria avanços significativos para o turismo e para geração de renda para a cidade.

“Hoje quem deseja visitar o nosso patrimônio deve pagar uma taxa para São Paulo, valor esse que não é repassado para cidade. A partir do momento que a gestão for feita pelo município, além do fato de garantirmos a visitação de forma gratuita pelos munícipes, também abrimos caminho para a ­criação de um fundo de desenvolvimento ao turismo da cidade, que geraria recursos para manutenção do espaço e outras ações”, pondera.

Nessa semana, um importante passo foi dado em relação a essa liberação das visitas ao espaço a partir de Cubatão. Após entendimentos mantidos entre a Prefeitura de Cubatão - por meio das secretarias de Meio Ambiente e de Turismo - e a Fundação Florestal permitiu com que as visitas agendadas à área, a partir de Cubatão, possam ser feitas em todo último sábado de cada mês, começando pelo próximo dia 24.

Conforme explicou o secretário municipal de Turismo, Antonio Martins Ribeiro, essas visitas precisam ser previamente agendadas, visando à formação de grupos, e depois monitoradas. “Primeiro por razões de segurança dos próprios visitantes; depois, por se tratar de área de preservação ambiental”, explicou. Essas providências são adotadas tanto para os grupos que acessam a região a partir do município de São Bernardo do Campo, como a partir de Cubatão, no sopé da serra.

A visitação nos últimos sábados de cada mês é apenas a primeira das ações voltadas a dinamizar os roteiros iniciados em território cubatense. Em uma segunda fase, conforme o secretário Antonio Ribeiro, será criada uma estrutura de recepção, no território cubatense, dos turistas procedentes de São Bernardo. “Eles receberão informações sobre todo o acervo histórico e ambiental relacionado à Cubatão”, explicou.

Conforme Mauro Haddad Nieri, secretário municipal de Meio Ambiente, o maior volume de movimento de turistas a partir de São Bernardo do Campo é decorrente da falta de um diálogo maior entre administrações municipais anteriores e a Fundação Florestal. “Desde o início do atual governo, este diálogo foi intensificado. Lembro-me que, no começo de 2017, quando então respondia pela pasta de Turismo, estive na entidade e fui informado por um de seus diretores que, há quatro anos, não recebiam um representante da Prefeitura para debater a visitação da Estrada Velha e seus monumentos a partir de ­Cubatão”.

O roteiro

O sítio histórico do Caminho do Mar possui, entre outras atrações: trechos da Calçada de Lorena, feita no século 18, a primeira ligação pavimentada, com rochas, entre o litoral brasileiro e o planalto; a Estrada Velha, aberta no século 19, primeira via a possibilitar tráfego de veículos, no mesmo percurso (ela só deixaria de ser utilizada para isso com a construção da Via Anchieta, nos anos 1940/50), além de nove monumentos construídos pelo Governo Federal, em 1922, em comemoração aos 100 anos da Proclamação da Independência.

Entre estes monumentos estão o Cruzeiro Quinhentista, no sopé da serra; o Rancho da Maioridade e o Pouso Paranapiacaba. Na década de 1970, os monumentos foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). E a área ambiental foi declarada pela Organização das Nações Unidas como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. O acesso por Cubatão fica perto da Refinaria Presidente Bernardes. O passeio (subida ou descida) demora quatro horas e meia.

Como é hoje?

Percorrer a Estrada Velha (antigo Caminho do Mar), conhecer seus monumentos, a flora exuberante e desfrutar da privilegiada vista de toda a Baixada Santista, a cerca de 700 metros de altura, é um dos melhores roteiros culturais e turísticos que se pode cumprir na Baixada Santista.

Os contatos devem ser feitos pelo telefone (11) 2997-5000, ramal 356, ou agendamentocaminhosdomar@fflorestal.sp.gov.br.