Delegacia Seccional não sabia da situação dos carteiros

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, a Polícia Civil de Santos investiga os roubos e furtos registrados

28 DEZ 2017 • POR • 10h00
Carteiros estão sendo obrigados a trabalhar somente com a roupa do corpo - Arquivo/DL

Ao se deparar com a recente reportagem do Diário intitulada “Carteiros da baixada na mira do revólver”, publicada em 4 de dezembro último, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) enviou nota esclarecendo que a Delegacia Seccional não foi comunicada sobre a interrupção de serviços de entregas de correspondências em pelo menos quatro dos nove municípios da região - Santos, São Vicente, Praia Grande e Guarujá -  por conta da violência.

Segundo a SSP-SP, a Polícia Civil de Santos investiga os roubos e furtos registrados, e realiza diversas ações preventivas e repressivas, promovidas mensalmente com o intuito de conter os crimes contra o patrimônio e de tráfico de drogas e a “Polícia Militar vai analisar as denúncias para readequar o patrulhamento nas regiões de maior incidência criminal. A PM também ficará à disposição dos Correios, para juntas, conseguirem solucionar os problemas apresentados.

Nada muda

As iniciativas das polícias não mudam em nada a situação dos trabalhadores dos Correios e nem reforçam os argumentos do governador Geraldo Alckmin (PSDB) dando conta que a criminalidade na Baixada Santista está caindo. Os carteiros estão sendo assaltados, agredidos e até sequestrados, como ocorreu recentemente em Guarujá. Estão sendo afastados das ruas e outros solicitando aposentadoria. Famílias estão desesperadas. Os profissionais saem para trabalhar sem saber se voltam para casa.         

Em Bertioga, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Cubatão só ocorrem assaltos esporádicos. Ou seja, dá para os carteiros efetuarem a entrega de porta em porta normalmente, informou no começo do mês o secretário Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicações Postais da Região do Litoral Centro Sul do Estado de São Paulo (Sintectsantos), Márcio Anselmo Farina, que também é membro da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, Telégrafos e Similares. 

“Muitos já levaram murros, tapas na cara e coronhadas de bandidos em quase todos os bairros das cidades da região em busca de objetos comprados online. O risco de morte já se tornou rotina para a categoria. Muitos companheiros estão solicitando afastamento por conta de problemas psicológicos. Um companheiro que trabalha com motocicleta chega na agência aparentemente bem e, quando se vê diante do veículo de trabalho, começa a tremer. Tem muita gente nesse estado”, revela o sindicalista, lembrando de Síndrome de Pânico, palpitações e outros problemas emocionais.   

O representante da categoria informa que tem trabalhador que já foi assaltado mais de 10 vezes e dois já foram sequestrados e ficaram por horas nas mãos dos bandidos. Eles ficaram rodando sendo ameaçados constantemente pelos marginais, sendo liberados de forma violenta. “Como fica a cabeça de um profissional? Como fazer com que ele volte para a rua?”, indagava o sindicalista.     

O sindicalista lembrava que a situação dos carteiros é semelhante a do policial militar que mora próximo de bairros dominados por bandidos. “Tem que sair de casa com o uniforme em uma sacola para que não saibam que é carteiro. Na volta, ocorre o mesmo. Os bandidos assediam para que o profissional revele o que existe de valor nas agências, ameaçando a vida do carteiro e de sua família. A situação é insustentável”, lamentava Farina.

Confira os bairros em que a entrega foi interrompida:

Santos
Todos da Zona Noroeste
Todos os Morros

Praia Grande
Terceira Zona, Melvi até Tude Bastos, Samambaia, Esmeralda, Vila Mirim, Curva do S, Parque das Bandeiras, Quietude, Solemar ll e Jardim Real ll.

São Vicente
Parque São Vicente, Sá Catarina, Jóquei Clube, Náutica, Náutica lll, Esplanada dos Barreiros, Matteo Bay, Vila Margarida, Parque Bitaru, Quarentenário, Rio Negro, Jardim Rio Branco, Samaritá, Parque das Bandeiras, Vila Yolanda, Vila Mathias, Vila Ema Gleba ll e Parque Continental Humaitá.

Guarujá
Vicente de Carvalho, Cachoeira, Santa Clara, Vila Zilda, Vila Edna, Vila Júlia, Vila Baiana, Barreira, Areão, Vila Rã, Perequê, Santo Antônio e Jardim dos Pássaros.

Lembrando:
Bertioga, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Cubatão só ocorrem assaltos esporádicos e o serviço de porta em porta está mantido.